As primeiras 100 horas frenéticas de Trump de regresso à Casa Branca .A Administração de Donald Trump tem sido notícia nos últimos dias por causa da deportação de imigrantes ilegais para o Brasil - tendo o governo de Lula da Silva pedido explicações à Casa Branca sobre a forma como os seus cidadãos foram repatriados - e por uma curta guerra comercial entre os Estados Unidos e a Colômbia, causada também pela deportação de imigrantes, embate que Washington diz ter ganho.As deportações em massa de milhões de imigrantes ilegais prometidas por Trump começaram a tomar forma logo no seu primeiro dia de mandato, mas, embora o governo do republicano ainda não tenha avançado com uma estimativa de quanto esta megaoperação custará aos cofres do Estado, começam a ser conhecidos alguns números, sendo que o Serviço de Imigração e Controlo Aduaneiro norte-americano (ICE, na sigla em inglês) já tinha avisado que seria “impossível” pôr em prática a chamada Lei Laken Riley, aprovada na semana passada, com os recursos atuais.Estima-se que vivam nos Estados Unidos cerca de 11,7 milhões de imigrantes ilegais, no entanto, o ICE tem atualmente orçamento para ter sob sua custódia 41 mil pessoas. Ou seja, será preciso espaço adicional para deter os ilegais, enquanto é preparada a sua deportação, que muitas vezes é feita de avião - segundo o Departamento de Segurança Interna (DSI), citado pela AP, o custo diário de uma cama para um adulto ronda os 165 dólares (cerca de 157 euros).Ainda de acordo com um memorando do DSI, citado por vários media norte-americanos, só a Lei Laken Riley - que permite que as autoridades de imigração detenham qualquer imigrante ilegal que seja acusado de roubo ou crimes violentos - necessitará de cerca de 26,9 mil milhões de dólares (cerca de 25,6 mil milhões de euros) para ser implementada no seu primeiro ano. Já o orçamento anual do Serviço de Imigração dos Estados Unidos, de acordo com um relatório de dezembro, é de nove mil milhões de dólares (cerca de 8,5 mil milhões de euros).“[A] agência precisaria de mais 110 mil camas de detenção e mais de 10 mil funcionários de operações de fiscalização e remoção para aumentar as apreensões, detenções e remoções. Mais de 7000 advogados adicionais e pessoal de apoio também seriam necessários para lidar com os processos de imigração”, avança o memorando do DSI, citado pela NPR. No ano passado, o Serviço de Imigração dos Estados Unidos dizia ter mais de 21 mil funcionários, 8500 dos quais dedicados especificamente a operações de detenção e remoção.A capacidade dos Centros de Detenção sofrerá também pressão adicional graças a uma outra medida lançada pelo presidente norte-americano, que proíbe que alguns imigrantes vivam nos EUA enquanto aguardam por uma decisão judicial sobre o seu futuro, em vez de serem detidos e logo deportados. De acordo com a AP, uma manobra orçamental acelerada no Congresso chamada “reconciliação” poderá proporcionar mais financiamento para detenções, mas só em abril.Centenas de entrevistas para vistos canceladasAs primeiras horas desta segunda-feira foram marcadas pelo anúncio da Casa Branca de que a Colômbia tinha aceitado as condições de Trump para o repatriamento de migrantes ilegais e que, por isso, tinham sido suspensas as sanções contra Bogotá.Este anúncio foi o culminar de várias horas de uma guerra comercial entre os dois países combatida nas redes sociais. Trump tinha anunciado que iria aplicar tarifas (de 25% sobre todos os produtos que entram nos EUA oriundos da Colômbia, que seriam elevadas para 50% dentro de uma semana), restrições de vistos e outras medidas após o presidente colombiano, Gustavo Petro, ter impedido a entrada de aviões militares americanos que transportavam pessoas deportadas. Petro respondeu as estas ameaças de Trump dizendo que iria aplicar na mesma medida tarifas aos produtos norte-americanos que entram na Colômbia.Durante a tarde de domingo realizou-se uma reunião de emergência com vários membros do governo na residência oficial do presidente colombiano, embora, segundo o jornal Semana, Petro tenha participado à distância. Horas mais tarde, a Casa Branca dava conta da capitulação de Bogotá. Até à realização do primeiro voo, os EUA irão manter a suspensão da emissão de vistos, tendo sido noticiado esta segunda-feira que centenas de reuniões com este fim já tinham sido canceladas pela embaixada dos Estados Unidos em Bogotá.