Donald Trump, presidente dos EUA
Donald Trump, presidente dos EUAEPA/JIM LO SCALZO

Trump demite diretor da Agência de Segurança Nacional sem dar justificação

Não houve qualquer aviso prévio sobre a decisão de demitir Tim Haugh, um general de quatro estrelas, com uma carreira de 33 anos em inteligência e operações cibernéticas.
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O presidente norte-americano, Donald Trump, demitiu o diretor da Agência de Segurança Nacional, general Tim Haugh, segundo responsáveis norte-americanos e membros do Congresso, sem que a Casa Branca e o Pentágono apresentassem motivos para a decisão.

Os principais líderes militares foram informados na quinta-feira da demissão do general da Força Aérea Tim Haugh, que também supervisionava o Comando Cibernético do Pentágono, adiantaram as mesmas fontes anónimas citadas pela AP.  

Segundo as mesmas fontes, não houve qualquer aviso prévio sobre a decisão de remover um general de quatro estrelas, com uma carreira de 33 anos em inteligência e operações cibernéticas.

A medida desencadeou duras críticas por parte dos membros do Congresso e exigências de uma explicação imediata.  

A administração republicana enfrenta já críticas por não ter tomado qualquer medida a propósito da discussão de planos para um ataque militar ao Iémen num grupo no Signal, uma aplicação pública não confidencial, por altos dirigentes, que incluíram inadvertidamente o editor-chefe da The Atlantic, Jeffrey Goldberg, que deu conta das trocas de mensagens.

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De acordo com a AP, também não está esclarecido quem está agora a liderar a NSA e do Comando Cibernético.

Foi igualmente despedida a assistente civil de Haugh na Agência de Segurança Nacional, Wendy Noble.

A NSA notificou a liderança do Congresso e os principais legisladores dos comités de segurança nacional sobre a demissão na quarta-feira à noite, sem apresentar motivos, adiantou a AP citando uma fonte ligada ao processo.  

A Casa Branca não respondeu a mensagens a solicitar comentários, tal como o Departamento de Defesa.

A informação sobre o afastamento de Haugh surge no dia seguinte à imprensa norte-americana ter noticiado que Trump despediu vários funcionários do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca após a ativista radical Laura Loomer ter acusado alguns de falta de lealdade à agenda presidencial.

De acordo com o New York Times,Loomer foi recebida na quarta-feira na Casa Branca, tendo participado numa reunião com Trump e vários altos funcionários, incluindo o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz, perante quem criticou duramente a personalidade e a lealdade de certos conselheiros.  

A ativista, conhecida por promover teorias da conspiração, confirmou a reunião no X e adiantou que apresentou uma "investigação" ao presidente e enfatizou "a necessidade de selecionar os membros da sua equipa com muito rigor".  

De acordo com a agência AP, que cita fontes sob anonimato, na reunião estiveram também o vice-presidente JD Vance, a chefe de gabinete Susie Wiles e Sergio Gor, diretor do Gabinete de Pessoal Presidencial.  

As mesmas fontes adiantaram que, desde a reunião, o Gabinete de Pessoal demitiu pelo menos três altos funcionários do Conselho de Segurança Nacional (CSN) e vários assessores de baixo escalão.   

Loomer, que difundiu teorias da conspiração sobre o ataque de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gémeas, foi uma presença frequente na campanha de Trump à Casa Branca em 2024.   

Também promoveu o movimento QAnon, uma teoria da conspiração apocalíptica centrada na crença de que Trump está a lutar contra o "estado profundo".  

Já na semana passada, Loomer apareceu associada a despedimentos decididos por Trump, nomeadamente de um procurador-adjunto em Los Angeles, Adam Schleifer, demitido sem qualquer explicação, através de um e-mail conciso enviado pelo Gabinete de Pessoal da Casa Branca, exatamente uma hora depois de Loomer ter pedido a sua demissão num post nas redes sociais, destacando os comentários críticos de Schleifer sobre Trump.   

Na altura em que foi despedido, na sexta-feira, Schleifer estava a processar um caso de fraude contra Andrew Wiederhorn, o antigo diretor executivo da Fat Brands Inc., que fez donativos durante a campanha presidencial a grupos que apoiavam Trump.    

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Hoje, Loomer pareceu assumir o crédito da demissão de Haugh, publicando no X que a NSA é "sem dúvida, a agência de inteligência mais poderosa do mundo", e por isso não se pode "permitir que um nomeado de [Joe] Biden (ex-Presidente) ocupe esta posição".  

"Obrigado, Presidente Trump, por ser recetivo aos materiais de verificação que lhe foram fornecidos e obrigado por despedir estes restos de Biden".

O deputado Jim Himes, membro graduado do Comité de Inteligência da Câmara, enviou hoje uma carta à Diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e ao secretário da Defesa, Pete Hegseth, exigindo saber por que razão Haugh e Noble foram demitidos.

"As informações públicas sugerem que a remoção destes funcionários foi motivada por uma personalidade marginal das redes sociais, o que representa uma violação profundamente preocupante das normas que protegem o nosso aparelho de segurança nacional da pressão política e das teorias da conspiração", escreveu o congressista democrata.

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