As operações no rio Potomac, junto aos destroços do avião comercial, para recuperar corpos continuam.
As operações no rio Potomac, junto aos destroços do avião comercial, para recuperar corpos continuam.JIM LO SCALZO/EPA

Trump culpa Biden e as suas políticas de inclusão por desastre aéreo

Presidente dos EUA anunciou não haver sobreviventes da colisão entre o avião da American Airlines, com 64 pessoas a bordo, e o helicóptero do exército onde seguiam três militares. Garantindo que tudo será investigado, disse que o seu “bom senso” lhe permite apontar já culpados.
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Donald Trump começou a sua conferência de imprensa desta quinta-feira pedindo um minuto de silêncio, afirmando logo depois não haver sobreviventes da colisão entre um avião da American Airlines que transportava 60 passageiros e quatro tripulantes e um helicóptero do exército, com três militares a bordo, durante a aterragem no aeroporto Ronald Reagan, em Washington, na quarta-feira à noite. “Descobriremos como este desastre ocorreu e garantiremos que nada parecido aconteça novamente”, disse o presidente dos Estados Unidos, anunciando uma investigação militar e outra civil, para logo depois começar já a apontar culpados, nomeadamente a administração do antecessor, Joe Biden, quem fez parte dela, e as suas políticas de inclusão.

O primeiro alvo foi a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), a agência que regula todos os aspetos da aviação civil nos Estados Unidos - e sobre a qual não cai, neste momento, nenhuma suspeita de erro na colisão de quarta-feira -, criticando os perigos da sua política de inclusão. “A FAA está a recrutar ativamente trabalhadores que sofrem de deficiências intelectuais graves, problemas psiquiátricos e outras condições mentais e físicas sob uma iniciativa de contratação de diversidade e inclusão enunciada no site da agência”, declarou Trump, observando que o programa permitiu a contratação de pessoas com problemas de audição e visão, bem como paralisia, epilepsia e “nanismo”.

Na opinião de Trump, os controladores aéreos “têm que ser talentosos, génios naturalmente talentosos”, acrescentando que “não se pode ter pessoas normais a fazer este trabalho.” De recordar que uma das suas primeiras medidas foi eliminar os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) nas agências federais e incentivar o setor privado a fazer o mesmo.

No meio dos ataques à FAA e aos controladores aéreos, Trump voltou a dizer que as causas do acidente eram ainda desconhecidas, afirmando que irão descobrir o que aconteceu. E anunciou que o seu nomeado para administrador interino da FAA é Chris Rocheleau, um executivo ligado à aviação comercial.

Seguiram-se críticas ao secretário dos Transportes cessante, Pete Buttigieg, que descreveu como um “desastre” que tem “boas saídas da treta”, dizendo ainda que o democrata é um grande defensor dos esforços federais de promoção da diversidade e inclusão, os culpados pela diminuição dos padrões de segurança aérea. Com o recém-empossado secretário dos Transportes, Sean Duffy, ao seu lado, garantiu-lhe: “A culpa não é tua”.

Duffy sustentou que “só podemos aceitar os melhores e mais brilhantes” em cargos que afetam a segurança dos passageiros, enquanto que o secretário da Defesa, Pete Hegseth, garantia que “a era da DEI acabou no Departamento de Defesa”.

Donald Trump não deixou cair o assunto - dizendo que “testes muito poderosos” de competência no controlo de tráfego aéreo foram “encerrados” por Joe Biden - e os jornalistas também não, questionando o presidente se acreditava que as políticas de DEI eram responsáveis pelo acidente de quarta-feira. “Porque tenho bom senso e infelizmente muita gente não tem. Queremos pessoas brilhantes a fazê-lo. Este é um grande jogo de xadrez ao mais alto nível”, respondeu.

Pouco depois do final da conferência de imprensa, Buttigieg usou o X para reagir às declarações do republicano, dizendo que “enquanto as famílias sofrem, Trump deveria liderar, não mentir”.

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