Trump culpa Biden e as suas políticas de inclusão por desastre aéreo
Donald Trump começou a sua conferência de imprensa desta quinta-feira pedindo um minuto de silêncio, afirmando logo depois não haver sobreviventes da colisão entre um avião da American Airlines que transportava 60 passageiros e quatro tripulantes e um helicóptero do exército, com três militares a bordo, durante a aterragem no aeroporto Ronald Reagan, em Washington, na quarta-feira à noite. “Descobriremos como este desastre ocorreu e garantiremos que nada parecido aconteça novamente”, disse o presidente dos Estados Unidos, anunciando uma investigação militar e outra civil, para logo depois começar já a apontar culpados, nomeadamente a administração do antecessor, Joe Biden, quem fez parte dela, e as suas políticas de inclusão.
O primeiro alvo foi a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), a agência que regula todos os aspetos da aviação civil nos Estados Unidos - e sobre a qual não cai, neste momento, nenhuma suspeita de erro na colisão de quarta-feira -, criticando os perigos da sua política de inclusão. “A FAA está a recrutar ativamente trabalhadores que sofrem de deficiências intelectuais graves, problemas psiquiátricos e outras condições mentais e físicas sob uma iniciativa de contratação de diversidade e inclusão enunciada no site da agência”, declarou Trump, observando que o programa permitiu a contratação de pessoas com problemas de audição e visão, bem como paralisia, epilepsia e “nanismo”.
Na opinião de Trump, os controladores aéreos “têm que ser talentosos, génios naturalmente talentosos”, acrescentando que “não se pode ter pessoas normais a fazer este trabalho.” De recordar que uma das suas primeiras medidas foi eliminar os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) nas agências federais e incentivar o setor privado a fazer o mesmo.
No meio dos ataques à FAA e aos controladores aéreos, Trump voltou a dizer que as causas do acidente eram ainda desconhecidas, afirmando que irão descobrir o que aconteceu. E anunciou que o seu nomeado para administrador interino da FAA é Chris Rocheleau, um executivo ligado à aviação comercial.
Seguiram-se críticas ao secretário dos Transportes cessante, Pete Buttigieg, que descreveu como um “desastre” que tem “boas saídas da treta”, dizendo ainda que o democrata é um grande defensor dos esforços federais de promoção da diversidade e inclusão, os culpados pela diminuição dos padrões de segurança aérea. Com o recém-empossado secretário dos Transportes, Sean Duffy, ao seu lado, garantiu-lhe: “A culpa não é tua”.
Duffy sustentou que “só podemos aceitar os melhores e mais brilhantes” em cargos que afetam a segurança dos passageiros, enquanto que o secretário da Defesa, Pete Hegseth, garantia que “a era da DEI acabou no Departamento de Defesa”.
Donald Trump não deixou cair o assunto - dizendo que “testes muito poderosos” de competência no controlo de tráfego aéreo foram “encerrados” por Joe Biden - e os jornalistas também não, questionando o presidente se acreditava que as políticas de DEI eram responsáveis pelo acidente de quarta-feira. “Porque tenho bom senso e infelizmente muita gente não tem. Queremos pessoas brilhantes a fazê-lo. Este é um grande jogo de xadrez ao mais alto nível”, respondeu.
Pouco depois do final da conferência de imprensa, Buttigieg usou o X para reagir às declarações do republicano, dizendo que “enquanto as famílias sofrem, Trump deveria liderar, não mentir”.