Trump anuncia que os EUA vão assumir o controlo de Faixa de Gaza e até admite enviar tropas para o enclave
Donald Trump anunciou esta terça-feira que os Estados Unidos vão "assumir o controlo da Faixa de Gaza", onde se propõe fazer "um trabalho".
"Seremos os proprietários e seremos responsáveis pelo desmantelamento de todas as bombas não detonadas e outras armas naquele local. Vamos nivelar a Faixa de Gaza e acabar com os edifícios destruídos para promover o desenvolvimento económico e irá criar um grande número de empregos e habitações para as pessoas da região. Queremos fazer um trabalho real, fazer algo diferente”, disse o presidente dos Estados Unidos ao lado de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, após uma reunião que ambos mantiveram na Casa Branca.
"Temos uma oportunidade de fazer uma coisa que pode ser fenomenal", insistiu o Presidente norte-americano, afirmando que gostaria de supervisionar a reconstrução do enclave bombardeado, para o transformar na "Côte d'Azur do Médio Oriente".
Durante a conferência de imprensa conjunta, o presidente norte-americano não descartou o envio de tropas para ajudar a proteger Gaza. "Faremos o que for necessário. Se for necessário, enviaremos tropas. Vamos assumir aquela zona e vamos desenvolvê-la”, frisou.
Na prática, reforça Trump, o plano de tomar Gaza “criaria milhares e milhares de empregos", considerando que "será algo de que todo o Médio Oriente poderá orgulhar-se”, afinal esta é, na sua opinião, uma forma de pôr fim a décadas de violência na região.
“A matança começa e com ela surgem todos os outros problemas, e acaba tudo da mesma forma. Queremos acabar com isso”, disse, acrescentando mais tarde: “Seremos os grandes guardiões de algo que será muito, muito forte, muito poderoso e muito bom para a região, não apenas para Israel, mas para todo o Médio Oriente.”
Por sua vez, Netanyahu mostrou-se convencido de que os Estados Unidos vão ajudar Israel a alcançar todos os seus objetivos de guerra. "Para garantir o nosso futuro e trazer a paz à nossa região, temos que terminar o trabalho que temos feito”, disse, enaltecendo a "disposição" de Trump "de pensar fora da caixa com ideias novas ajudará a alcançar todos os objetivos”.
Netanyahu considerou que o plano de Trump para a Faixa de Gaza é uma ideia que "pode mudar a história".
Embaixador pede "respeito" pela vontade dos palestinianos de viver em Gaza
Riyad Mansour, enviado da Palestina à ONU, já reagiu às declarações de Trump apelando aos líderes mundiais ´que respeitem o desejo dos palestinianos de permanecer em Gaza.
"O nosso país e o nosso lar é a Faixa de Gaza. É parte da Palestina. Acho que os líderes e o povo devem respeitar os desejos do povo palestiniano", afirmou, lembrando que apesar de toda a destruição, "os palestinianos escolheram voltar para lá".
O grupo islamita palestiniano Hamas, que governa a Faixa de Gaza, afirmou também que não vai permitir a concretização dos planos anunciados por Donald Trump.
"Rejeitamos as declarações de [Donald] Trump, que disse que 'os moradores da Faixa de Gaza não têm outra escolha a não ser sair', e consideramo-las uma receita para criar caos e tensão na região", reagiu Sami Abu Zuhri, um alto dirigente do Hamas.
O porta-voz do Hamas Abdel Latif al-Qanou considerou mesmo racistas os comentários do chefe de Estado norte-americano.
"A posição racista americana está alinhada com a da extrema-direita israelita na deslocação do nosso povo e na eliminação da nossa causa", disse Abdel Latif al-Qanou, porta-voz Hamas reagindo às declarações do Presidente dos Estados Unidos.
*com Lusa