Netanyahu ouviu as propostas de Trump para Gaza, depois de uma reunião entre ambos na Casa Branca.
Netanyahu ouviu as propostas de Trump para Gaza, depois de uma reunião entre ambos na Casa Branca.EPA/SHAWN THEW

Trump anuncia que os EUA vão assumir o controlo de Faixa de Gaza e até admite enviar tropas para o enclave

Após uma reunião na Casa Branca com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o presidente dos EUA revelou o seu plano para Gaza, onde se propõe "promover o desenvolvimento económico e criar um grande número de empregos e habitações".
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Donald Trump anunciou esta terça-feira que os Estados Unidos vão "assumir o controlo da Faixa de Gaza", onde se propõe fazer "um trabalho".

"Seremos os proprietários e seremos responsáveis ​​pelo desmantelamento de todas as bombas não detonadas e outras armas naquele local. Vamos nivelar a Faixa de Gaza e acabar com os edifícios destruídos para promover o desenvolvimento económico e irá criar um grande número de empregos e habitações para as pessoas da região. Queremos fazer um trabalho real, fazer algo diferente”, disse o presidente dos Estados Unidos ao lado de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, após uma reunião que ambos mantiveram na Casa Branca.

"Temos uma oportunidade de fazer uma coisa que pode ser fenomenal", insistiu o Presidente norte-americano, afirmando que gostaria de supervisionar a reconstrução do enclave bombardeado, para o transformar na "Côte d'Azur do Médio Oriente".

Netanyahu ouviu as propostas de Trump para Gaza, depois de uma reunião entre ambos na Casa Branca.
Trump diz, ao lado de Netanyahu, que apoia a retirada permanente do povo palestiniano da Faixa de Gaza

Durante a conferência de imprensa conjunta, o presidente norte-americano não descartou o envio de tropas para ajudar a proteger Gaza. "Faremos o que for necessário. Se for necessário, enviaremos tropas. Vamos assumir aquela zona e vamos desenvolvê-la”, frisou.

Na prática, reforça Trump, o plano de tomar Gaza “criaria milhares e milhares de empregos", considerando que "será algo de que todo o Médio Oriente poderá orgulhar-se”, afinal esta é, na sua opinião, uma forma de pôr fim a décadas de violência na região.

“A matança começa e com ela surgem todos os outros problemas, e acaba tudo da mesma forma. Queremos acabar com isso”, disse, acrescentando mais tarde: “Seremos os grandes guardiões de algo que será muito, muito forte, muito poderoso e muito bom para a região, não apenas para Israel, mas para todo o Médio Oriente.”

Por sua vez, Netanyahu mostrou-se convencido de que os Estados Unidos vão ajudar Israel a alcançar todos os seus objetivos de guerra. "Para garantir o nosso futuro e trazer a paz à nossa região, temos que terminar o trabalho que temos feito”, disse, enaltecendo a "disposição" de Trump "de pensar fora da caixa com ideias novas ajudará a alcançar todos os objetivos”.

Netanyahu considerou que o plano de Trump para a Faixa de Gaza é uma ideia que "pode mudar a história".

Embaixador pede "respeito" pela vontade dos palestinianos de viver em Gaza

Riyad Mansour, enviado da Palestina à ONU, já reagiu às declarações de Trump apelando aos líderes mundiais ´que respeitem o desejo dos palestinianos de permanecer em Gaza.

"O nosso país e o nosso lar é a Faixa de Gaza. É parte da Palestina. Acho que os líderes e o povo devem respeitar os desejos do povo palestiniano", afirmou, lembrando que apesar de toda a destruição, "os palestinianos escolheram voltar para lá".

O grupo islamita palestiniano Hamas, que governa a Faixa de Gaza, afirmou também que não vai permitir a concretização dos planos anunciados por Donald Trump.

"Rejeitamos as declarações de [Donald] Trump, que disse que 'os moradores da Faixa de Gaza não têm outra escolha a não ser sair', e consideramo-las uma receita para criar caos e tensão na região", reagiu Sami Abu Zuhri, um alto dirigente do Hamas.

O porta-voz do Hamas Abdel Latif al-Qanou considerou mesmo racistas os comentários do chefe de Estado norte-americano.

"A posição racista americana está alinhada com a da extrema-direita israelita na deslocação do nosso povo e na eliminação da nossa causa", disse Abdel Latif al-Qanou, porta-voz Hamas reagindo às declarações do Presidente dos Estados Unidos.

*com Lusa

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