Apoiantes dos Houthis protestam em Sanaa contra os ataques aéreos dos Estados Unidos.
Apoiantes dos Houthis protestam em Sanaa contra os ataques aéreos dos Estados Unidos. YAHYA ARHAB/EPA

Trump ameaça responsabilizar o Irão por novos ataques dos Houthis

Os EUA realizaram ontem novos ataques aéreos no Iémen, aumentando a pressão sobre Houthis e Teerão. Trump classificou os rebeldes como “bandidos sinistros” que são “odiados pelo povo iemenita”
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O presidente dos Estados Unidos garantiu esta segunda-feira que o Irão será “considerado responsável” por qualquer novo ataque dos Houthis, após o movimento iemenita apoiado por Teerão ter reivindicado no domingo uma ação armada contra um porta-aviões norte-americano no Mar Vermelho em resposta aos ataques ordenados pela Casa Branca no fim de semana contra vários dos seus bastiões, e que terão causado a morte a mais de 50 pessoas. Esta segunda-feira, os EUA realizaram novos ataques aéreos no Iémen, nomeadamente na cidade portuária de Hodeidah, no Mar Vermelho, e na província de Al Jawf, a norte da capital Sanaa, aumentando a pressão sobre os rebeldes e Teerão.

“Cada tiro disparado pelos Houthis será considerado, a partir de agora, como um tiro disparado por armas iranianas e pelos líderes iranianos, e o Irão será responsabilizado e sofrerá as consequências. E serão terríveis”, escreveu Donald Trump na sua plataforma Truth Social, chamando ainda aos rebeldes “gangsters e bandidos sinistros” que são “odiados pelo povo iemenita”, argumentando que os seus ataques foram criados pelo Irão.

Na opinião do presidente norte-americano, o Irão tem-se feito de “vítima inocente” de “terroristas desonestos”, que já não controla, mas que continuam dependentes de Teerão. “Eles comandam todos os seus movimentos, fornecendo-lhes armas, dinheiro, equipamento militar altamente sofisticado e até a chamada ‘inteligência’”, acrescentou Trump.

No sábado, quando anunciou o ataque norte-americano contra os bastiões dos Houthis no Iémen - prometendo usar uma “força letal esmagadora” até que deixem de atacar navios na zona do Mar Vermelho -, Donald Trump já tinha alertado Teerão para deixar de apoiar o grupo rebelde iemenita e prometido responsabilizar totalmente o país pelas ações dos rebeldes.

Em resposta, o chefe dos Guardas da Revolução deixou claro que o Irão vai retaliar contra qualquer ataque. “O Irão não procura a guerra, mas se alguém o ameaçar, dará respostas adequadas, resolutas e definitivas”, garantiu o general Hossein Salami. O mesmo responsável negou que o Irão esteja envolvido nos ataques dos Houthis, assegurando que Teerão “não desempenhou qualquer papel na definição das políticas nacionais ou operacionais” dos grupos rebeldes do Iémen. Já o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmou que os EUA “não têm o direito de ditar” a política externa do Irão.

Os Houthis, que controlam a capital Sanaa e outras regiões no norte e oeste do Iémen desde 2015, começaram a atacar há mais de um ano território israelita e navios ligados ao país com drones e mísseis nas águas do Mar Vermelho e do Golfo de Aden, alegando agir em solidariedade com o Hamas. Israel tem respondido com vários ataques aéreos contra o Iémen, enquanto os EUA e o Reino Unido também realizaram bombardeamentos contra o país, argumentando que estão a proteger a navegação numa região vital para o comércio mundial.

Na semana passada, os Houthis avisaram que “qualquer navio israelita” que passe nas águas próximas do Iémen é novamente um alvo, uma vez que Israel continua a bloquear a entrada de ajuda em Gaza.

Face a este cenário, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu esta segunda-feira total liberdade de navegação no Mar Vermelho, admitindo preocupação com as ameaças dos Houthis contra navios comerciais e com os ataques dos Estados Unidos.

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