O presidente norte-americano, Donald Trump, disse esta sexta-feira, 20 de junho, que poderá decidir se os Estados Unidos intervirão diretamente na guerra Irão e Israel antes de expirar o prazo de duas semanas, e desvalorizou os esforços diplomáticos europeus.Depois de na quinta-feira ter dado duas semanas a Teerão para negociar antes de decidir sobre uma possível intervenção militar norte-americana ao lado de Israel, Trump disse esta sexta-feira que este prazo era um "máximo", e que poderá tomar a sua decisão antes.Questionado sobre a possibilidade de os iranianos exigirem o fim dos ataques israelitas como pré-requisito para qualquer negociação, Trump disse que tal é "muito difícil”. "Quando alguém está a ganhar, é um pouco mais difícil do que quando alguém está a perder", acrescentou..Forças de Defesa de Israel dizem que planearam os ataques ao Irão "durante anos".O Governo iraniano manifestou esta sexta-feira disponibilidade para voltar ao diálogo sobre o seu programa nuclear se Israel cessar os seus ataques, após um encontro em Genebra, na Suíça, com as diplomacias britânica, francesa e alemã."Somos a favor da continuidade das discussões com o E3 [Alemanha, França e Reino Unido] e a União Europeia", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano no final da reunião com os seus homólogos europeus.Abbas Araghchi afirmou que o seu país “está pronto para considerar a diplomacia assim que a agressão cessar e o agressor for levado à justiça", referindo-se a Israel, que iniciou bombardeamentos em grande escala contra a República Islâmica em 13 de junho.Após a reunião, os chefes das diplomacias das principais potências europeias indicaram que transmitiram ao governante iraniano o apelo para que Teerão retome as negociações que estavam em curso com os Estados Unidos antes da eclosão deste conflito, para evitar uma escalada regional.Ainda à chegada a Morristown, Nova Jersey, Trump afirmou esta sexta-feira que os europeus seriam inúteis na resolução da guerra entre o Irão e Israel."O Irão não quer falar com a Europa. Querem falar connosco. A Europa não poderá ajudar nesta questão", declarou o presidente norte-americano.Em Genebra, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, afirmou que o Irão foi instado a reatar negociações sem esperar pelo fim dos bombardeamentos israelitas.Barrot defendeu que "não há solução" para o conflito entre o Irão e Israel "por meios militares", e apelou a Teerão para "estar aberto ao diálogo" com os Estados Unidos, ao mesmo tempo que advertiu ser "ilusório e perigoso" impor uma mudança do regime iraniano a partir do exterior.No mesmo sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, considerou que a região se encontra numa "situação extremamente crítica" desde a abertura das hostilidades de Israel, que tiveram resposta através de bombardeamentos diários do Irão.O pré-requisito para que as negociações deem frutos, no entanto, é que o Irão renuncie a "qualquer enriquecimento de material que possa ser utilizado para fabricar armas nucleares", sublinhou o ministro alemão.Outra condição para o lado europeu, destacada por Wadephul, é que os Estados Unidos possam participar nas negociações e na solução para esta crise.O chefe da diplomacia de Londres, David Lammy, sublinhou igualmente que os governantes europeus deixaram claro que "o Irão não pode ter uma arma nuclear", numa fase que classificou como perigosa e que não deve dar lugar a um agravamento do conflito.Do mesmo modo, a alta-representante da União Europeia para a Política Externa e Política de Segurança, Kaja Kallas, reiterou pelo seu lado que a escalada regional da violência não beneficia ninguém.Antes desta reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano descreveu hoje a ofensiva militar israelita como “uma traição" ao processo diplomático com os Estados Unidos, numa intervenção no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.A Casa Branca indicou na quinta-feira que o Irão tem capacidade para criar uma bomba nuclear em 15 dias se o líder supremo, Ali Khamenei, der a ordem, mas o Presidente norte-americano ainda não tomou nenhuma decisão sobre a participação de Washington no conflito, ao lado de Israel..‘Avião do fim do mundo’ aterra em Washington em plena escalada de tensão com Irão