Tropas russas tentam cercar o exército ucraniano na cidade estratégica de Severodonetsk

Os ucranianos dizem continuar a resistir na cidade do leste da Ucrânia, mas Zelensky admite que o custo humano "é muito elevado" e "aterrorizante".

As forças russas tentaram cercar esta terça-feira o exército ucraniano na cidade estratégica de Severodonetsk, no leste da Ucrânia, onde Kiev afirma que continua " a resistir".

Esta localidade industrial de 100 000 habitantes e sua vizinha Lysychansk, separadas pelo rio Donets, estão há várias semanas sob fogo das tropas russas.

O exército russo anunciou que organizará na quarta-feira um corredor humanitário para os civis entrincheirados na fábrica química de Azot, de Severodonetsk, e que os evacuados serão transportados para a região separatista pró-russa de Lugansk.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o custo humano da batalha "é muito elevado, simplesmente aterrorizante", mas se mostrou confiante em conseguir mudar a situação caso o país receba mais armas dos ocidentais.

"Só precisamos de mais armas para garantir tudo isso", afirmou Zelensky. "Os nossos aliados têm as armas", completou.

O governo dos Estados Unidos já começou a entregar armas pesadas à Ucrânia e o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, presidirá na quarta-feira uma reunião do Grupo de Contato para a Ucrânia, em Bruxelas, onde será discutida uma possível aceleração do fornecimento.

O conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podolyak listou na segunda-feira as necessidades de suas tropas. "Sendo direto: para terminar a guerra precisamos de armas pesadas", escreveu no Twitter.

No campo diplomático, a União Europeia (UE) deve anunciar em uma reunião de cúpula nos dias 23 e 24 de junho se concede à Ucrânia o estatuto de candidato a integrar o bloco.

Militares ucranianos "resistem"

Para a Rússia, controlar Severodonetsk abriria o caminho para avançar em direção a outra grande cidade do Donbass, Kramatorsk, um passo importante para conquistar toda esta região que já está parcialmente sob controle de rebeldes apoiados por Moscovo.

"Os russos tentam cercar os ucranianos em Severodonetsk, Lysychansk e em algumas localidades próximas, como Pryvillia e Borivske", disse o governador de Lugansk, Serguei Gaiday, que revela que as forças de Moscovo receberam reforços de "dois grupos de batalhões táticos".

"A situação é muito grave", acrescentou o governador, que na segunda-feira admitiu que as forças ucranianas foram expulsas do centro de Severodonetsk após semanas de resistência.

Oleksandr Striouk, autarca de Severodonetsk, informou que a destruição de uma terceira ponte que ligava a cidade com Lysychansk após "bombardeamentos em larga escala", mas afirmou que a cidade não está isolada. "Há canais de comunicação, mas são complicados", disse.

"As tropas russas não abandonam a tentativa de controlar a cidade, mas os militares resistem", acrescentou.

O autarca também informou que "540 a 560 pessoas" estão refugiadas nos túneis subterrâneos da fábrica de produtos químicos Azot, que foi bombardeada.

A entrega de mantimentos é "difícil", mas há "algumas reservas" na fábrica, disse. "O inimigo está a destruir a nossa maior empresa", acrescentou.

O exército russo anunciou que pretende organizar um corredor humanitário na quarta-feira para os civis entrincheirados na fábrica Azot.

"Guiados pelos princípios da humanidade, as Forças Armadas russas e as formações da República Popular de Lugansk estão prontas para organizar uma operação humanitária para a retirada de civis", afirmou o ministério da Defesa russo, que também indicou que os civis serão transportados para a região separatista de Lugansk.

Em Lysychansk, os danos são imensos e a cidade está sem fornecimento de água potável, energia elétrica e cobertura de rádio.

A artilharia ucraniana aproveita a posição elevada da cidade para atacar as tropas russas que tentam assumir o controle de Severodonetsk, do outro lado do rio.

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