As tensões entre a Eslováquia e a Ucrânia, elevadas após a interrupção por Kiev do trânsito de gás russo, escalaram esta quinta-feira com a detenção em território eslovaco de um cidadão ucraniano por "ameaçar a segurança do país".A detenção ocorreu depois de os embaixadores de ambos os países terem sido convocados pelos Ministérios dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e da Eslováquia, para manifestarem a sua condenação às recentes declarações das respetivas autoridades."O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia tem conhecimento da detenção na Eslováquia, sob acusações de 'ameaça à segurança nacional', de um cidadão ucraniano nascido em 1966", refere uma nota da diplomacia ucraniana, noticiada pela agência de notícias pública do país Ukrinform.O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia pediu que os direitos do cidadão detido fossem respeitados e ofereceu-lhe apoio jurídico.As más relações entre o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, e o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky, agravaram-se quando Kiev anunciou que deixaria de permitir que o gás russo, do qual os eslovacos beneficiavam economicamente, passasse pelo seu território a partir de 01 de janeiro de 2025.Fico, que já tinha manifestado a sua oposição às sanções contra Moscovo e cortado a ajuda militar do seu país à Ucrânia, repreendeu repetidamente Zelensky por esta decisão, que por sua vez chamou repetidamente o primeiro-ministro eslovaco de 'marioneta' de Moscovo.Zelensky apoiou também abertamente os protestos anti-Fico na Eslováquia, levando Bratislava a acusar os ucranianos de interferirem na sua política interna.A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste do país vizinho, independente desde 1991 e que tinha vindo a afastar-se de Moscovo e a aproximar-se do Ocidente.Com falta de homens e armas, as forças ucranianas estão na defensiva e a recuar nas frentes leste e nordeste do país há mais de um ano, apesar das perdas infligidas à Rússia e da ocupação de várias centenas de quilómetros na região fronteiriça russa de Kursk.A situação frágil da Ucrânia no campo de batalha e a chegada ao poder de Donald Trump nos Estados Unidos reacenderam as especulações sobre negociações de paz e a manutenção da ajuda militar norte-americana, essencial para Kiev.