Suspeito da minoria drusa por detrás do ataque na cidade mais multicultural de Israel
O que aconteceu?
Um homem de 70 anos morreu e quatro outras pessoas ficaram feridas num ataque à faca na estação central de autocarros de Lev Hamifratz, em Haifa. O suspeito, um druso israelita de 20 anos de uma localidade próxima, foi morto por um segurança. As autoridades falam em terrorismo.
Onde fica Haifa?
A terceira maior cidade israelita fica no norte do país, junto à costa. É uma cidade multicultural, onde judeus, árabes e cristãos vivem lado a lado. É considerada um bastião da coexistência entre árabes e judeus, mas o presidente da câmara, Yona Yahav, prefere falar em "existência partilhada". A guerra em Gaza tem complicado a situação.
Há cerca de 290 mil habitantes em Haifa, sendo que 25% são imigrantes da antiga União Soviética. Os árabes israelitas representam 10% da população. A cidade é também o centro administrativo e espiritual da fé Baha'i e acolhe a mais velha universidade israelita, Technion, fundada em 1912 por judeus ainda sob o domínio do Império Otomano.
Quem são os drusos?
Esta minoria árabe (representa menos de 2% da população) tem a cidadania israelita, servindo nas Forças de Defesa de Israel – tendo combatido nas guerras contra outros vizinhos árabes e os próprios palestinianos. Há drusos em cargos de liderança no exército, assim como deputados no Knesset.
Um deles, Hamed Amar, do partido de direita Yisrael Beytenu, disse esta segunda-feira que o ataque em Haifa não representa a sua comunidade. “Tal ato de terrorismo é contrário a todos os valores morais e humanos e certamente não reflete o espírito leal da comunidade drusa em Israel, que é um parceiro integral na defesa do estado e dos seus valores”, disse Amar.
Quem era o atacante?
O suspeito foi identificado pela polícia como sendo um druso israelita que vivia numa cidade drusa próxima de Haifa. Viajou para o local de autocarro e começou a esfaquear os passageiros quando chegou à estação, continuando o ataque até ser abatido a tiro.
Terá gritado "Allahu Akbar" durante o ataque – uma frase muçulmana, apesar de os drusos não serem muçulmanos. Os media dizem que o atacante era Yitro Shaheen, de 20 anos, de Shfaram, que teria também alegadamente nacionalidade alemã. Terá estado nos últimos meses fora de Israel, regressando apenas na semana passada.
Horas depois do ataque, o deputado druso esclareceu que o suspeito tinha historial de problemas mentais, alegando que não houve terrorismo neste ataque. "Nunca houve um terrorista druso, nem nunca vai haver um terrorista druso", afirmou, exigindo um pedido de desculpas das autoridades à sua comunidade.
Já houve outros ataques do género?
Este não é o primeiro esfaqueamento mortal em Israel. Em outubro do ano passado, pouco antes do segundo bombardeamento iraniano a Israel, dois membros do Hamas – um deles armado com uma faca e o outro com uma arma - mataram sete pessoas e feriram outras 17 em Jaffa, Telavive. Dias depois, na estação central de Beersheba, um israelita foi morto e 13 ficaram feridos num ataque com faca e com armas, perpetrado por um beduíno. E em Hadera, um atacante armado com um machado matou uma pessoa e feriu outras cinco antes de ser morto.
Notícia atualizada às 17.45 com mais informações sobre o atacante.