Supremo Tribunal de Israel ordena recrutamento militar de ultra-ortodoxos
Menahem Kahana / AFP

Supremo Tribunal de Israel ordena recrutamento militar de ultra-ortodoxos

A decisão surge no momento em que o Parlamento israelita relançou um projeto de lei para recrutar progressivamente os jovens ultra ortodoxos, no contexto da guerra na Faixa de Gaza.
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O Supremo Tribunal de Israel ordenou esta terça-feira o recrutamento dos estudantes ultra ortodoxos das escolas talmúdicas, que até agora estavam isentos do serviço militar.

"O Executivo não tem autoridade para ordenar que a lei sobre o serviço militar não seja aplicada aos estudantes da yeshiva (escola talmúdica) na ausência de um quadro jurídico adequado", declarou o Tribunal.

"Sem que esta isenção se baseie num quadro jurídico, o Estado deve agir para impor a lei", acrescentou o Supremo Tribunal de Israel.

A decisão surge no momento em que o Parlamento israelita relançou, a 11 de junho, um projeto de lei para recrutar progressivamente os jovens ultra ortodoxos, no contexto da guerra na Faixa de Gaza.

O serviço militar é obrigatório em Israel, mas os judeus ultra ortodoxos podem evitá-lo se se dedicarem ao estudo dos textos sagrados do judaísmo, em virtude de uma isenção introduzida por David Ben Gourion, fundador do Estado de Israel, em 1948.

Alguns críticos consideram que o texto analisado pelo Parlamento, apoiado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mas criticado pelo ministro da Defesa Yoav Gallant, fica muito aquém das necessidades de efetivos do Exército israelita.

O Supremo Tribunal decidiu hoje que "na situação atual, a não aplicação da lei sobre o serviço militar cria uma grande discriminação entre aqueles que são obrigados a fazê-lo e aqueles para os quais não são tomadas medidas para os mobilizar (para o Exército)".

"Neste momento, no meio de uma guerra difícil, a desigualdade de encargos é mais acentuada do que nunca e exige a implementação de uma solução duradoura", refere o Supremo.

O Movimento para um Governo de Qualidade em Israel, um dos queixosos perante o Supremo Tribunal, apelou "ao Governo e ao Ministro da Defesa para que respeitem a decisão" e "mobilizem os estudantes das yeshivas".

O líder do partido ultraortodoxo Unified Torah Judaism (asquenaze), Yitzhak Goldknopf, criticou "uma decisão esperada, muito infeliz e dececionante".

"O Estado de Israel foi fundado para ser o lar do povo judeu, para o qual a Torah é o fundamento. A sagrada Torah será vitoriosa", escreveu nas redes sociais.

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