Suécia envia tanques para patrulhar ilha do Báltico devido a tensões com a Rússia

"As forças armadas estão a tomar as medidas necessárias para salvaguardar a integridade da Suécia e demonstrar a nossa capacidade de proteger o país e os interesses suecos", disse o ministro da Defesa

Num movimento incomum, a Suécia enviou veículos de combate blindados e soldados armados para patrulhar as ruas da ilha de Gotland nesta sexta-feira (14) em resposta ao aumento da "atividade russa" na região, disseram autoridades militares suecas.

Cerca de uma dezena de veículos de combate blindados e dezenas de militares armados patrulhavam a pequena cidade portuária de Visby, na ilha estrategicamente localizada.

A medida ocorreu depois de três navios de desembarque russos terem navegado no Mar Báltico através do Estreito do Grande Belt, na Dinamarca, esta semana, numa altura em que aumentam as tensões entre a Rússia e a NATO.

"As forças armadas estão a tomar as medidas necessárias para salvaguardar a integridade da Suécia e demonstrar a nossa capacidade de proteger a Suécia e os interesses suecos", disse à AFP o ministro da Defesa, Peter Hultqvist, em comentários por e-mail. Em comunicado emitido na quinta-feira, os militares disseram que as tropas seriam enviadas "para reforçar as operações em vários locais" devido ao "aumento da atividade russa no Mar Báltico".

A Suécia ativou a sua força militar no passado em alguns exercícios na região, mas raramente como uma resposta direta a eventos atuais.
Hultqvist também disse à agência de notícias TT que o aumento das patrulhas em Gotland mostrou que a Suécia está a levar a situação a sério e "não seria apanhada de surpresa". "Não desconhecemos os riscos de segurança que existem."

O chefe de operações das Forças Armadas suecas, Michael Claesson, disse à AFP que as unidades enviadas para Visby eram da guarnição já estacionada na ilha, negando que fosse um "exibição de força".

"Isso não precisa de ser visto como algo particularmente dramático, mas é uma maneira natural de adaptar a presença militar", disse Claesson à AFP.
Potências ocidentais acusaram a Rússia de enviar tanques, artilharia e cerca de 100 mil soldados para a fronteira leste da Ucrânia, devastada pela guerra, nas últimas semanas, no que a NATO diz ser uma preparação para uma invasão.

​​​Moscovo diz que esta é uma resposta ao que vê como a crescente presença da NATO na sua esfera de influência, onde se opõe ferozmente à expansão da aliança atlântica.

A Suécia não é membro da NATO, mas coopera estreitamente com a aliança. A Rússia recentemente alertou para "graves consequências" se o país escandinavo aderir àquela organização. Após o fim da Guerra Fria, Estocolmo cortou os seus gastos militares, mas após a anexação da península da Crimeia pela Rússia, em 2014, o país inverteu o curso e reforçou as suas defesas.

A Suécia, que não entra em guerra há dois séculos, reintroduziu o serviço militar obrigatório em 2017 e reabriu sua guarnição em Gotland em janeiro de 2018, em consequência das preocupações sobre as intenções russas na Europa.

A ilha de Gotland é a maior ilha da Suécia e do mar Báltico e está situada a 90 km a leste do território continental sueco.

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