Stoltenberg garante reforço das forças de reação rápida da NATO "até ao próximo ano"
As forças de reação rápida da NATO, que irão aumentar dos atuais 40 mil para 300 mil, estarão "prontas até ao próximo ano" e serão atribuídas a países do leste da Europa, anunciou hoje o secretário-geral da Aliança.
"No que se refere às forças de reação rápida, acho que estarão prontas até ao próximo ano. Iremos tomar a decisão agora, e depois vamos começar a implementação, e depois vão estar disponíveis e prontas no próximo ano, esse é que é o plano", afirmou Jens Stoltenberg.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) falava aos jornalistas à entrada para o Parque de Exposições de Madrid, no nordeste da capital espanhola, onde decorre a cimeira dos chefes de Estado e de Governo da Aliança Atlântica.
Jens Stoltenberg afirmou que as forças em questão vão ser "pagas e organizadas pelos diferentes Aliados NATO, ficarão baseadas nos seus países de origem mas vão ser atribuídas previamente a países e territórios específicos, para serem responsáveis pela proteção desses territórios".
O secretário-geral da Aliança exemplificou com o caso alemão, que destacou uma "força específica para a proteção da Lituânia", e afirmou que o leste da Europa será o principal terreno para o qual as forças de reação rápida serão atribuídas.
"Irão treinar aí, irão aprender a operar em conjunto com as forças de defesa desses países e também iremos preposicionar equipamento, [como] equipamento pesado, reservas de combustível e muitas outras coisas de que irão precisar para poderem operar naquele território específico", sublinhou.
Segundo Jens Stoltenberg, o posicionamento de equipamento nos territórios em questão, assim como o aumento das forças de reação rápida e "dos grupos de combate" de que a Aliança já dispõe são o "elemento mais importante" da estratégia terrestre da Aliança para "fortalecer a dissuasão e defesa" no "novo ambiente de segurança".
O secretário-geral da NATO reiterou que a cimeira de Madrid, marcada pela guerra na Ucrânia, na sequência da invasão russa de 24 de fevereiro, vai ser "histórica e transformadora" para a aliança militar de países da Europa e da América do Norte.
"Reunimo-nos no meio da mais grave crise de segurança que temos desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou, congratulando-se por os países aliados na NATO estarem a mostrar "unidade e força" na resposta.
Jens Stoltenbreg lembrou que a NATO vai em Madrid adotar um novo Conceito Estratégico, que define as orientações da Aliança para a próxima década, e vai refletir o contexto atual, "um mundo mais perigoso e competitivo", muito diferente de 2010, quando foi aprovado o documento anterior.
O Conceito Estratégico aprovado em 2010 foi adotado na cimeira de Lisboa definiu uma aproximação à Rússia, que foi então considerada um parceiro estratégico da Aliança Atlântica.
O Presidente russo de então, Dmitri Medvedev, esteve mesmo em Lisboa, para participar na cimeira da NATO de 2010.
Já o Conceito Estratégico que será aprovado em Madrid deve definir a Rússia como a maior e mais direta ameaça aos países da NATO, como tem dito Stoltenberg nos últimos dias.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, assegurou entretanto, à chegada à cimeira, que os 100 000 milhões de euros que a Alemanha vai canalizar para modernizar as suas forças armadas serão uma "contribuição significativa" também para a NATO e as forças de resposta rápida.
"Vamos dar uma contribuição significativa para a estabilidade e segurança que a NATO proporciona, para a paz, que tanto nos preocupa a todos", afirmou.
O valor, adiantou Scholz, também contribuirá para proteger melhor os Estados da zona leste da NATO, permitindo "mais cooperação e envio de mais militares para defender as fronteiras em caso de ataque".
O chanceler alemão referiu-se ainda ao aumento das forças de resposta rápida da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para mais de 300.000 efetivos e sublinhou que "é essencial" fortalecer a capacidade de defesa da Aliança em todos os momentos.
"A Alemanha dará a sua contribuição proporcionada. Já disse que temos capacidades muito, muito grandes e que teremos ainda maiores no futuro, graças aos recursos adicionais que colocámos em marcha", sublinhou.
Em relação à Ucrânia, Scholz garantiu que a NATO vai apoiar aquele país "durante o tempo e com a intensidade que for preciso para que possa defender-se" da invasão da Rússia.
Por outro lado, qualificou como muito especiais e importantes as adesões da Suécia e da Finlândia à NATO, dois países que "se encaixam muito bem" na Aliança.
"Nesse sentido, será uma adesão importante para a NATO, num momento muito importante da nossa história, e uma contribuição muito importante para garantir a segurança do mundo", concluiu.
A cimeira de Madrid arranca hoje oficialmente, mas na terça-feira, em reuniões paralelas e prévias, foi já alcançado o primeiro acordo que vai marcar o encontro e com o qual a Turquia retirou o seu veto à adesão da Finlândia e da Suécia à NATO.