O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, demitiu o embaixador do Reino Unido nos EUA, Peter Mandelson, por causa da sua associação ao pedófilo Jeffrey Epstein.A demissão surge depois de, na véspera, Starmer ter defendido Mandelson, alegando que este tinha sido investigado e aprovado antes de assumir o cargo. A polémica voltou a rebentar com a revelação, por parte do Congresso dos EUA, do livro que foi feito pela família e os amigos de Epstein para os seus 50 anos. .Este é o desenho que Trump nega ter feito para o livro de aniversário de Epstein.Um dos que escreveram no livro foi Mandelson, que descrevia Epstein (que morreu na prisão em 2019 num caso declarado como suicídio) como "o meu melhor amigo". O embaixador admitiu que mais detalhes "muito embaraçosos" da sua amizade com o pedófilo viriam a público, mas insistiu que não tinha testemunhado nenhum ato ilícito. E-mails que trocou com Epstein foram entretanto revelados pelos media, aconselhando-o a lutar pela sua libertação antecipada da prisão quando enfrentava acusações de aliciamento de menores (o crime remontava a 2008) e a ameaça de uma pena de 18 meses de prisão."Admiro-o muito e sinto-me desesperado e furioso com o que aconteceu.. Ainda mal consigo compreender. Simplesmente não poderia acontecer no Reino Unido. É preciso ser incrivelmente resiliente, lutar pela libertação antecipada e ser filosófico sobre isso o máximo que se puder", escreveu Mandelson no e-mail de 2008. "Tudo pode transformar-se numa oportunidade, e você vai superar isso e fortalecer-se por isso.""À luz das informações adicionais dos e-mails escritos por Peter Mandelson, o primeiro-ministro pediu ao ministro dos Negócios Estrangeiros que o retirasse do cargo de embaixador", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico."Os e-mails mostram que a profundidade e a extensão da relação de Peter Mandelson com Jeffrey Epstein são materialmente diferentes das conhecidas na altura da sua nomeação", acrescenta o comunicado.O ministério disse que a revelação da sugestão de Mandelson de que a primeira condenação de Epstein foi injusta e deveria ser contestada era "nova informação".Na quarta-feira, Mandelson disse que se arrependia profundamente de ter conhecido Epstein e que manteve esta associação "por muito mais tempo do que deveria" - uma declaração que pareceu satisfazer Starmer, que mais tarde, no parlamento, lhe deu o seu apoio.A demissão de Mandelson, que serviu como elo de ligação entre Starmer e o presidente norte-americano, Donald Trump, durante a negociação do acordo comercial entre os dois países, surge na semana anterior à histórica segunda visita de Estado de Trump ao Reino Unido. Mandelson, que já ocupou vários cargos nos Governos trabalhistas, já enfrentou vários escândalos, tendo sido demitido duas vezes (esta é a terceira).Numa das vezes aceitou um empréstimo de outro ministro, milionário, para a compra de uma casa, sendo que depois os negócios desse ministro foram alvo de vistoria pelo departamento que liderava. Demitiu-se em 1998.Na segunda vez, em 2001, foi porque alegadamente usou a sua influência para um pedido de passaporte para um milionário indiano.