Os serviços de informações da Coreia do Sul, presentes na Ucrânia em cooperação com Kiev, revelaram que os soldados norte-coreanos incorporados no exército russo têm instruções para se suicidarem de forma a evitarem serem capturados. Estes e outros pormenores, como as 3 mil baixas, foram partilhadas pela agência com a comissão parlamentar que a supervisiona. As tropas norte-coreanas destacadas para Kursk, região russa desde agosto alvo de uma incursão ucraniana, estão a sofrer “baixas maciças”, confirmaram os serviços de informações da Coreia do Sul (NIS), aos seus deputados. Seul estima o número de mortos em mais de 300 e o de de feridos em 2700. As baixas começaram antes de sequer terem ido para a linha da frente, em dezembro: um ataque com mísseis Storm Shadow a um posto de comando russo, em novembro, atingiu um general e um número indeterminado de oficiais e de soldados do regime de Kim Jong-un. Agora, o que leva às baixas é a “falta de compreensão da guerra moderna”, diz o NIS, valendo-se da análise de um vídeo de combate, no qual os norte-coreanos disparam, de “forma inútil” contra drones de longo alcance..3000O serviço de informações da Coreia do Sul estima mais de 3000 baixas entre os 11 mil soldados norte-coreanos: 300 mortos e 2700 feridos.. É precisamente a experiência de guerra que Kim quererá, acreditam os serviços de informações ucranianos. Em declarações ao Financial Times, um funcionário ucraniano afirmou que o ditador está disposto a perder até 40% dos homens enviados para que os restantes regressem com conhecimentos adquiridos em combate. “É mais valioso do que receber armas da Rússia”, disse. Mas a ajuda militar e financeira também faz parte do acordo entre Moscovo e Pyongyang. Na segunda-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, avisou que a Rússia prepara-se para partilhar tecnologia avançada espacial e de satélites. O isolamento internacional da Rússia levou à aproximação de Vladimir Putin a Kim Jong-un. Na cimeira de Pyongyang, em julho passado, os dois líderes assinaram um tratado de defesa mútua, prevendo assistência militar e cooperação em várias áreas. Depois de ter recebido munições da Coreia do Norte e mais de 100 mísseis balísticos, Moscovo enviou mísseis antiaéreos. Pyongyang também forneceu dezenas de obuses autopropulsionados e sistemas de lançamento múltiplo de foguetes. Além disso, segundo o NIS, Moscovo paga cerca de 2 mil dólares por mês por cada soldado norte-coreano. Parte desses militares são da 11.ª Corporação do exército, conhecida como a Corporação da Tempestade. Os dois soldados que caíram nas mãos das autoridades ucranianas - além de não terem cumprido as instruções para porem fim à sua vida - não são de elite, segundo as informações e o vídeo divulgados pelos serviços ucranianos e sul-coreanos - estes estiveram presentes para ajudar na tradução. Um deles, acamado e com ligaduras nas mãos, afirmou desconhecer que estava a lutar contra a Ucrânia e exprimiu a sua vontade de permanecer naquele país. Nascido em 2005, era fuzileiro desde 2021. “É de destacar que o prisioneiro, como os militares russos no início da invasão em grande escala, destaca que ia receber formação e não que ia para a guerra contra a Ucrânia”, disse o serviço ucraniano (SBU). Zelensky disse que “há outras opções” para os norte-coreanos que não querem regressar, mas para os restantes casos disse estar pronto a fazer uma troca por ucranianos cativos na Rússia. “A Ucrânia está disposta a entregar os soldados de Kim Jong-un se este conseguir organizar a sua troca pelos nossos combatentes que estão detidos na Rússia.”