Sobrevivente do ataque do Hamas de 7 de outubro vai representar Israel na Eurovisão
Sobrevivente do ataque do Hamas no festival de música Nova, a 7 de outubro de 2023, Yuval Raphael, de 24 anos, ganhou o concurso "Hakochav Haba", conhecido como "Rising Star", e vai representar Israel na 69.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, que este ano realiza-se em Basileia, na Suíça, entre 13 e 17 de maio.
“A música é um dos ingredientes mais fortes no meu processo de cura”, afirmou a jovem na final do concurso, na quarta-feira, onde interpretou Dancing Queen, dos Abba e Writing’s On The Wall, de Sam Smith. Venceu na votação do público e na do júri, o que lhe deu o passaporte para a Eurovisão.
“Não consigo explicar o quão entusiasmada e preparada estou!!! Obrigada por me darem este enorme privilégio e por confiarem em mim para representar o meu povo”, disse Raphael num comunicado divulgado pelo Canal 12, que transmitiu o concurso. A música que vai interpretar na Suíça será decidida por um comité profissional e será revelada pela emissora pública Kan em março.
A 7 de outubro, a jovem estava com amigos no festival Nova, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, quando se deu o ataque dos militantes do grupo palestiniano Hamas.
Durante várias horas, Yuval Raphael esteve escondida debaixo de cadávares num abrigo antiaéreo à beira da estrada, segundo o Times of Israel, conseguindo assim sobreviver ao ataque no festival de música Nova, onde morreram centenas de jovens.
A cantora contou que grupos de terroristas dispararam contra o interior do abrigo para assegurar que todos os que lá estavam seriam mortos. Após oito horas debaixo de cadáveres, Raphael foi, finalmente, resgatada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, em inglês).
Refere o jornal que das mais de 40 pessoas que estavam no abrigo, apenas 11 conseguiram sobreviver. A jovem contou que ainda tem estilhaços cravados na cabeça e perna.
Desde o ataque de 7 de outubro que Yuval Raphael tem contado ao mundo a sua experiência. Juntou-se ao Instituto de Justiça de Jerusalém (JIJ), uma organização de direitos humanos sem fins lucrativos, em março de 2024, e perante a ONU contou o que viveu naquele dia.
"Encurralada e a temer pela minha vida, testemunhei horrores indescritíveis. Amigos e estranhos foram feridos e mortos à frente dos meus olhos. Quando os corpos dos que foram assassinados caíram sobre nós, percebi que esconder-me debaixo deles era a única maneira de sobreviver", relatou.
A jovem é agora a representante de Israel no Festival da Eurovisão, onde vai querer partilhar o que viveu. “Quero contar-lhes a história do país, aquilo que passei, aquilo que os outros passaram”, disse numa entrevista ao programa antes da final.
"Quero contar a história, mas não de um ponto de vista de procurar piedade. Quero contar a história de um ponto de vista de me manter forte perante isto e perante as vaias que, tenho a certeza absoluta, virão do público”, afirmou ainda a jovem.