O governo de Javier Milei alcançou, na noite de sexta-feira, 26 de dezembrom o seu maior triunfo político desde que assumiu a presidência da Argentina. O Senado aprovou o primeiro Orçamento do Estado desenhado pela atual administração, pondo fim a um período de dois anos em que o país funcionou com extensões do orçamento de 2023 devido à paralisia legislativa.Com 46 votos a favor e 25 contra, a aprovação do documento é vista como um sinal de força de Milei, que, apesar de contar com uma minoria parlamentar, conseguiu atrair votos de sectores da oposição moderada e de senadores vinculados a governadores provinciais. Esta fragmentação do bloco peronista permitiu que o dogma do "défice zero" fosse agora blindado por lei.A economia da "motosserra" em númerosO orçamento agora aprovado estabelece metas ambiciosas que visam estabilizar a volátil economia argentina. O governo prevê um crescimento do PIB de 5% e, mais importante, uma descida acentuada da inflação anual para os 10,1%. O texto reafirma que o equilíbrio fiscal é "inegociável", determinando que qualquer nova despesa pública terá de ser obrigatoriamente compensada por um corte equivalente noutra área.Embora o governo tenha tido de ceder em alguns pontos -- nomeadamente na manutenção de verbas para ciência e educação profissional, que inicialmente pretendia cortar -- a estrutura central do plano económico de Milei saiu intacta.A aprovação é também um recado para o Fundo Monetário Internacional (FMI). Com um orçamento formalmente aprovado, a Argentina ganha uma nova credibilidade nas negociações da sua dívida externa. Analistas apontam que este momento dissipa as dúvidas sobre a "governabilidade" de Milei, provando que o presidente consegue negociar com o Congresso sem abdicar dos seus princípios libertários.A sessão foi acompanhada com expectativa nos mercados financeiros, que vêem nesta aprovação o passo necessário para a consolidação da recuperação económica após anos de crise profunda e hiperinflação.