Lloyd Austin tem 70 anos e terá sofrido complicações após uma pequena cirurgia eletiva.
Lloyd Austin tem 70 anos e terá sofrido complicações após uma pequena cirurgia eletiva.Anna Moneymaker/Getty Images/AFP

Secretário da Defesa dos EUA hospitalizado há uma semana e nem Biden sabia

Lloyd Austin assumiu a responsabilidade pelo secretismo em torno da estadia no hospital. Presidente mantém a confiança nele.
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O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, terá ocultado do próprio presidente norte-americano que estava hospitalizado desde o primeiro dia do ano devido a uma complicação durante uma cirurgia. Joe Biden só terá sido informado na quinta-feira, um dia antes de o Pentágono tornar pública a situação e dizer que, apesar de continuar internado, Austin tinha retomado as funções. O presidente, que falou no sábado à tarde com o secretário de Defesa, mantém a confiança no antigo general.

O secretismo em torno da saúde da segunda pessoa na cadeia de comando militar dos EUA - o primeiro é o próprio presidente - gerou críticas. Os soldados norte-americanos têm estado sob ataque de milícias apoiadas pelo Irão, que tem lançado drones e rockets contra as bases dos EUA no Iraque e na Síria, e isso já levou a Administração de Biden a responder com operações militares. E, além disso, o país tem desempenhado um papel crucial de segurança nacional nas guerras na Ucrânia e Israel.

“Reconheço que podia ter feito um trabalho melhor a garantir que o público fosse devidamente informado. Comprometo-me a fazer melhor”, disse o secretário da Defesa num comunicado divulgado no sábado à noite, admitindo as preocupações em relação à transparência deste caso. “Mas é importante dizer isto: este era o meu procedimento médico e assumo totalmente a responsabilidade pelas minhas decisões sobre a sua divulgação”, acrescentou no mesmo texto.

Austin, de 70 anos, foi internado na passada segunda-feira no Centro Médico Militar Walter Reed e continua hospitalizado, após complicações resultantes de uma pequena cirurgia eletiva. Terá mesmo passado pela Unidade de Cuidados Intensivos. Não se deram mais pormenores sobre os motivos da operação, alegando questões de privacidade, com Austin a dizer que está a melhorar e desejoso de regressar ao Pentágono. Contudo, não há previsões sobre quando terá alta. Apesar de ainda continuar internado, terá retomado as suas funções na sexta-feira à noite.

A Número Dois do Departamento de Defesa, Kathleen Hicks, tinha assumido interinamente as funções (como já aconteceu quando Austin esteve de férias e sem comunicações), ficando responsável pelos 1,4 milhões de militares no ativo do país. Isto apesar de estar ela própria de férias em Porto Rico, confirmou o Pentágono.

O problema é que não foi só o público em geral que não foi informado da situação médica de Austin. Biden só terá sabido na quinta-feira, depois de muitos responsáveis do próprio Pentágono terem sido informados - até então acreditavam que Austin estaria de férias. Outros no Pentágono só souberam na sexta-feira, no mesmo dia em que foram informados os congressistas e senadores.

“O secretário da Defesa é o elo-chave na cadeia de comando entre o presidente e os militares, incluindo a cadeia de comando nuclear, quando a mais importante decisão deve ser tomada em minutos”, disse o senador republicano Tom Cotton num comunicado, defendendo consequências para esta situação. O senador, antigo militar que esteve nas guerras do Iraque e do Afeganistão, está na Comissão das Forças Armadas. Contudo, não é verdade que o secretário de Defesa tenha poder na questão do nuclear, servindo apenas de conselheiro do presidente, o único responsável nessa situação.

susana.f.salvador@dn.pt

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