O Governo espanhol aprovou esta terça-feira a declaração de catástrofe para as zonas afetadas pelo mau tempo e anunciou um pacote de medidas urgentes no valor de 10,6 mil milhões de euros para apoiar famílias, empresas, trabalhadores independentes e instituições locais em 75 municípios da Comunidade Valenciana, dois em Castela-La Mancha e um na Andaluzia, e que se poderá estender a outras localidades ou comunidades autonómicas..O primeiro-ministro Pedro Sánchez defendeu que a gestão das operações de emergência deverá continuar a ser feita pela Generalitat valenciana, cuja ação tem sido criticada, por uma questão de eficácia, responsabilidade e respeito às instituições, mas assegurando que o tempo do debate político sobre eventuais situações de negligência chegará. “O Governo, nesta crise, entende que não há um minuto a perder, cada segundo vale ouro, e, portanto, entrar numa situação de substituição” da Generalitat liderada pelo popular Carlos Mázon “seria reduzir a eficácia da ação e a resposta dos poderes públicos”, justificou o líder do Governo espanhol. .Desta forma, Pedro Sánchez deixa de parte a declaração de emergência nacional, com a qual passaria a ser o Governo o responsável pela coordenação. Algo que o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, defende que devia acontecer, o que na prática significaria desautorizar Mazón e passar o comando para o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska..Ao mesmo tempo, apesar de ter alertado que haverá um debate político mais para a frente, Sánchez passa por cima das polémicas em torno de Carlos Mázon nesta tragédia - desde o primeiro momento, devido ao aviso tardio à população, que chegou aos telemóveis de muitos valencianos quando já tinham as casas alagadas ou estavam a ser arrastados pelas águas, mas também pelas críticas à resposta que tem dado à emergência..Mais dois corpos foram encontrados ontem na província de Valência, em Albal e Paiporta, sendo que a Polícia Nacional não encontrou vítimas mortais no estacionamento subterrâneo do Centro Comercial Bonaire, em Aldaia (Valência), depois de ter inspecionado todos os veículos e 99% destas instalações..O balanço cifra-se em mais de 200 mortos, não havendo números oficiais para os desaparecidos..Quanto à ajuda, o Governo de Madrid anunciou um plano em três fases - resposta imediata urgente, reconstrução das zonas afetadas e relançamento e transformação -, cujas primeiras medidas ascendem a 10,6 mil milhões de euros. Sánchez esclareceu que o plano “durará o tempo que for necessário para recuperar a normalidade em todo o território afetado”. As fases dois e três serão coordenadas por uma comissão interministerial, cuja criação foi também aprovada ontem..Espanha iniciou já os procedimentos para ativar o fundo de solidariedade da União Europeia e pediu a aprovação urgente no Parlamento Europeu de uma alteração aos regulamentos dos fundos de coesão, para os poder reprogramar e destinar à zona afetada pelas inundações, por estar em em causa um desastre natural. Sánchez disse ainda que as consequências das inundações vão exigir recursos de tal dimensão, que Espanha terá de rever tetos de défice e dívida pública..O primeiro pacote de medidas, “concretas e realistas, que entram agora em vigor”, destinam-se a ajudar famílias, empresas e câmaras municipais e serão ativadas “com o mínimo de burocracia e da forma mais rápida e fácil possível”, estando a ser seguidos procedimentos semelhantes aos que foram adotados durante a pandemia e a gestão da crise provocada pela erupção do vulcão de La Palma..Em concreto, o Estado vai transferir até 72 mil euros para casos de pessoas que ficaram com algum tipo de incapacidade, entre 20 mil e 60 mil para reparar casas danificadas, até 10 300 euros para mudança ou reparação de móveis, eletrodomésticos e utensílios, e até 37 mil euros para reparação de elementos comunitários, como portas ou elevadores..Serão ainda transferidas ajudas diretas para pequenas e médias empresas e trabalhadores independentes com domicílio fiscal nas zonas afetadas pela DANA, como se conhece este fenómeno climático, no valor total de 838 milhões de euros. O Governo vai ainda pagar a totalidade dos gastos de emergência das autarquias e metade de todas as obras que tenham de levar a cabo nos próximos meses e anos para “recuperar a normalidade quotidiana”.