Rússia está a preparar-se para confronto com a NATO
Os serviços de inteligência da Alemanha alertaram esta segunda-feira para os preparativos que a Rússia está a levar a cabo para um conflito militar com a NATO. Aviso que surge no dia em que o Kremlin advertiu que os exercícios nucleares que a Aliança iniciou esta segunda-feira, com a participação de 60 aviões e dois mil militares, contribuem para uma nova escalada da tensão entre Moscovo e o Ocidente.
Numa audiência no Parlamento alemão, Bruno Kahl, chefe do serviço de inteligência estrangeira da Alemanha (BND), afirmou que a vontade de Moscovo de utilizar medidas híbridas e encobertas atingiu um “nível nunca antes visto”, alertando ainda que “o confronto militar direto com a NATO tornou-se uma opção para Moscovo”. “Putin continuará a testar as linhas vermelhas do Ocidente e a intensificar ainda mais o confronto”, afirmou Kahl, citado pelo Politico. “As forças armadas russas estarão provavelmente em posição, em termos de pessoal e material, de lançar um ataque contra a NATO até ao final desta década, o mais tardar”.
Para este responsável, o objetivo de Vladimir Putin é “empurrar os EUA para fora da Europa” e restaurar as fronteiras da NATO do final da década de 1990, criando assim uma “esfera de influência russa” e estabelecendo uma “nova ordem mundial”.
Na mesma audiência no Bundestag, avançou o Politico, Thomas Haldewang, líder da agência de inteligência interna alemã (BfV), a espionagem e a sabotagem por parte de atores russos na Alemanha aumentaram “tanto quantitativa e qualitativamente”, estando Moscovo disposto a “colocar vidas humanas em risco”.
Do lado de Moscovo, e esta segunda-feira também, o Kremlin comentou os exercícios nucleares da NATO, alertando que “no contexto da guerra aberta que está a ser travada no âmbito do conflito ucraniano, estes exercícios não conduzem a mais do que uma escalada da tensão”.
Trata-se do exercício nuclear Steadfast Noon, de duas semanas, que envolve mais de dois mil militares, mas sem armas reais, e que, este ano, consistirá principalmente em voos sobre vários países da Europa Ocidental, principalmente sobre os países anfitriões, a Bélgica e os Países Baixos, e no espaço aéreo da Dinamarca, do Reino Unido e do Mar do Norte.
Participarão oito bases aéreas e 13 países enviarão diferentes tipos de aviões, incluindo aparelhos capazes de transportar ogivas nucleares, bombardeiros, caças de escolta, aviões de reabastecimento e aviões capazes de fazer reconhecimento e guerra eletrónica.
Já a União Europeia anunciou, através do líder da diplomacia do bloco, Josep Borrell, que vai prolongar a missão de instrução de militares ucranianos durante mais dois anos e está a ponderar um potencial prolongamento para depois de 2026.