Rússia diz que há "possibilidade" de acordo com países ocidentais sobre crise com Ucrânia
As autoridades russas declararam esta segunda-feira que há uma "possibilidade" de resolver a crise ucraniana através de canais diplomáticos, num momento em que os países ocidentais temem que as tensões possam dar origem a um conflito armado.
"Há a possibilidade de chegar a um acordo com os nossos parceiros sobre questões fundamentais ou é uma tentativa de nos arrastar para negociações intermináveis?", questionou o presidente russo, Vladimir Putin, dirigindo-se ao seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
"Devo dizer que existe a possibilidade" de "resolver os problemas que precisam ser resolvidos", respondeu o ministro russo Sergei Lavrov durante a conversa com Putin, que foi transmitida pela televisão.
O caminho do diálogo "não se esgotou, mas também não pode durar indefinidamente", acrescentou Lavrov, enfatizando que a Rússia está pronta para "ouvir contrapropostas sérias".
Estas declarações são feitas um dia antes da chegada do chanceler alemão, Olaf Scholz, a Moscovo para tentar conquistar avanços na resolução da crise ucraniana.
Os países ocidentais acusam a Rússia de ter mobilizado mais de 100 mil soldados na fronteira ucraniana com a intenção de invadir o país vizinho, algo que, segundo os Estados Unidos, está iminente.
Enquanto isso, Sergey Shoigu, ministro da Defesa russo, anunciou que as manobras conjuntas militares na Rússia e na Bielorrússia estão, em parte, a finalizar, apesar de o Ocidente temer a iminência de uma invasão da Ucrânia.
"Há alguns exercícios em curso. Uma parte está terminada, outra está a ser concluída. Outros ainda em curso, tendo em conta a dimensão destes exercícios que foram planeados e iniciados em dezembro", explicou Shoigu, durante uma reunião com o Presidente russo, Vladimir Putin, que foi transmitida por estações televisivas nacionais.
Ao mesmo tempo, o ministro da Defesa ucraniano, Oleksi Reznikov, considerou "positiva" uma conversa telefónica com o seu homólogo bielorrusso, Vitkor Khrenin, onde foram discutidas as manobras militares conjuntas na Rússia e na Bielorrússia, perto das fronteiras da Ucrânia. "Vi um sinal positivo e um primeiro passo para uma cooperação frutífera", disse o ministro ucraniano.
Entretanto, começaram a chegar à Lituânia, país membro da NATO, os primeiros reforços militares alemães, no âmbito da consolidação de tropas da Aliança Atlântica na Europa de Leste, face à ameaça de uma invasão russa da Ucrânia.
Um avião de transporte militar com algumas dezenas de soldados alemães a bordo, dos 350 prometidos recentemente, chegou a Kaunas, a segunda maior cidade do país báltico.
A Alemanha já tem cerca de 550 soldados estacionados na Lituânia e lidera neste país o batalhão multinacional da NATO.
As forças adicionais serão apoiadas por 100 veículos militares, explicou o comandante do grupo de batalha, Daniel Andrae.
A Lituânia, membro da União Europeia com 2,8 milhões de habitantes, tem fronteiras comuns com a Rússia e a Bielorrússia.
Como parte de intensas negociações diplomáticas desencadeadas pela crise nas fronteiras ucranianas, o chanceler alemão, Olaf Scholz, aterrou hoje em Kiev, para negociações, antes de uma visita a Moscovo.