Rússia ataca em Donetsk e EUA dão mais ajuda a Kiev
O Exército russo intensificou este sábado os bombardeamentos na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde morreram pelo menos cinco pessoas em 24 horas, e está a preparar "novas ações", de acordo com as autoridades ucranianas. Na segunda maior cidade do país, Kharkiv, um míssil atingiu ontem um edifício residencial, causando seis feridos. Enquanto avança a ofensiva russa, Washington promete mais ajuda (militar e humanitária) a Kiev e pede a Pequim a condenação da invasão.
"Os olhos de todos os movimentos e regimes políticos agressivos do mundo dirigem-se para o que a Rússia está a fazer connosco", escreveu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Instagram. "O mundo conseguirá levar à Justiça os verdadeiros criminosos de guerra?", perguntou nesta rede social, antes de alertar para o risco de "centenas de outras agressões" se o mundo não reagir.
O foco da Rússia está agora na região de Donetsk, depois de ter conquistado a vizinha Lugansk, de onde partem muitos dos ataques. "Nós tentamos contê-los, mas quando não podem avançar, criam um verdadeiro inferno, bombardeando todos os terrenos possíveis", disse o governador de Lugansk, Serguei Gaiday. O objetivo de Moscovo é assumir o controlo de toda a bacia do Donbass - que estabeleceu como objetivo desde que começou a recuar da região de Kiev, em março. No leste, como no sul do país, as sirenes de alarme soaram a noite toda, tendo um míssil deixado uma enorme cratera frente a um supermercado em Druzhkivka, a sul de Kramatorsk.
Os EUA prometeram entretanto enviar mais de 360 milhões de dólares em assistência humanitária adicional à Ucrânia, destinados a alimentos, água potável e abrigos, anunciou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken. "O nosso compromisso com o povo ucraniano é firme", escreveu Blinken no Twitter, acrescentando que o dinheiro "vai ajudar as pessoas na Ucrânia e os refugiados que foram forçados a deixar o seu país, devido à brutal guerra russa". A este montante, junta-se o pacote de armas no valor de 400 milhões de dólares, que inclui quatro sistemas de lançamento de mísseis HIMARS, prometido pelo presidente Joe Biden.
Na Indonésia, onde participou na reunião dos chefes da diplomacia do G20, Blinken apelou à China para que se distancie da Rússia. Num encontro com o homólogo chinês, Wang Yi, pediu que Pequim "condene a agressão" de forma a "exigir, entre outras coisas, que a Rússia permita o acesso à comida que está presa na Ucrânia".
Zelensky demitiu, entretanto, nove embaixadores - os destacados na Alemanha, Bangladesh, Hungria, Índia, Maldivas, Nepal, Noruega, República Checa e Sri Lanka. Não foram apontadas razões nem é claro se irão ocupar outros cargos.
Não são as primeiras demissões no corpo diplomático, tendo o presidente anunciado o afastamento, ainda em junho, da embaixadora ucraniana em Portugal, Inna Ohnivets. Nomeada ainda pelo presidente anterior, Petro Poroshenko, Ohnivets disse que a sua saída (de que foi informada dois dias antes) fazia parte de uma rotação normal e agendada de diplomatas.