Republicanos quebram fileiras e criticam resposta ao ‘Signalgate’
O senador republicano Roger Wicker, que preside à poderosa Comissão das Forças Armadas, anunciou que ele e Jack Reed, o principal democrata do painel, pediram ao inspetor-geral do Pentágono que inicie uma investigação independente sobre as conversas tidas por altos funcionários da administração Trump na aplicação Signal sobre planos de ataque sensíveis. “A informação recentemente publicada parece-me de natureza tão sensível que, com base no meu conhecimento, gostaria que fosse classificada”, disse Wicker.
Uma tomada de posição por parte de um republicano que vai contra a narrativa defendida esta semana pela Casa Branca e pela maioria dos republicanos no Congresso, ao minimizar a falha de segurança causada pela inclusão inadvertida de um jornalista num grupo de altos responsáveis dos Estados Unidos - como o vice-presidente, JD Vance, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, ou o conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, este último foi quem adicionou o jornalista - que planeavam ataques aos Houthis na aplicação Signal.
Donald Trump descreveu o caso como uma “caça às bruxas” e manteve a confiança na equipa, a porta-voz da Casa Branca negou haver informação classificada na conversa e atacou a idoneidade de Jeffrey Goldberg, o editor-chefe da The Atlantic, enquanto que Mike Johnson, o porta-voz da Câmara dos Representantes, disse ser um “erro”.
Mas à medida que Goldberg tem publicado pormenores das conversas a que assistiu no grupo - e depois do diretor da CIA, John Ratcliffe, e a diretora nacional de Informações, Tulsi Gabbard, que também faziam parte do grupo de conversa - terem sido ouvidos sobre o Signalgate no Congresso começaram a surgir republicanos a questionar a leveza com que o assunto tem sido tratado.
“Deviam garantir que isto nunca mais acontece. Gostaria que nos dissessem: ‘Isto nunca mais vai acontecer’. É a primeira falta nas fases iniciais de um governo”, afirmou ao The Hill o senador republicano Kevin Cramer, que tal como Wicker, faz parte da Comissão das Forças Armadas. “Se erros como este continuarem a acontecer, lidaremos com eles no momento em que acontecerem. A minha esperança e expetativa é que isso não aconteça.”
Já o líder da maioria republicana no Senado, John Thune, notou que Hegseth e outros altos funcionários de Trump precisam de reconhecer que cometeram um erro grave. “O importante aqui é: estes rapazes cometeram um erro. Eles sabem disso. Deviam assumir o erro e corrigi-lo para que isto nunca mais aconteça.”
O congressista Don Bacon, um antigo oficial da Força Aérea, referiu que a Casa Branca “está em negação” ao dizer que os conteúdos das mensagens partilhadas no Signal “não são dados classificados ou sensíveis”. “Deviam simplesmente admitir isso e preservar a credibilidade”, declarou ao Politico.
Fora do Capitólio, vários aliados de Trump têm-lhe pedido para fazer mais, como o presidente da Barstool Sports, Dave Portnoy, que apelou à demissão de Waltz, classificando o Signalgate como uma “barraca de proporções épicas”.