Esta semana está a ser marcada por uma nova aproximação dos Estados Unidos à Ucrânia, com Donald Trump a anunciar na segunda-feira à noite (madrugada de ontem em Lisboa) que vai enviar “mais armas” para Kiev, referindo estar “dececionado” com Vladimir Putin.“Vamos enviar mais armas que temos para eles. Eles precisam de ser capazes de se defender. Estão a ser duramente atingidos agora”, declarou o presidente norte-americano num jantar na Casa Branca com o primeiro-ministro de Israel, acrescentando que seriam “principalmente armas defensivas”. Uma informação entretanto confirmada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e que vem reverter a decisão conhecida na semana passada de Washington ter decido suspender o envio de ajuda militar para a Ucrânia.Esta reaproximação surge depois de Donald Trump e o seu homólogo ucraniano terem falado ao telefone na sexta-feira, 4 de julho, que foi classificado por Volodymyr Zelensky como o telefonema entre os dois “mais produtivo até agora”, tendo agradecido a “vontade de ajudar” demonstrada pelo norte-americano. A ajudar estará também o facto de Trump ter ficado “desapontado” com o telefonema que teve com Vladimir Putin na quinta-feira, 3 de julho. “Não fiz qualquer progresso com ele”, disse o líder dos EUA pouco depois da conversa com o seu homólogo russo, sendo que poucas horas depois a Rússia lançou um novo ataque de drones sobre Kiev.De acordo com o Axios, na conversa de sexta-feira, Donald Trump terá prometido a Zelensky enviar imediatamente 10 intercetores Patriot e ajudar a encontrar outros meios de abastecimento. Sendo que, no dia anterior, o chanceler alemão havia sugerido a Trump que libertasse os intercetores Patriot que estavam parados a caminho da Ucrânia, com o norte-americano a sugerir, por seu turno, que Friedrich Merz vendesse uma das baterias Patriot da Alemanha a Kiev. Ainda segundo o Axios, Trump e Merz não chegaram a acordo, as negociações continuam.Enquanto isso, a Ucrânia está a tentar perceber os detalhes da ajuda anunciada pelo presidente dos Estados Unidos na segunda-feira à noite. O Ministério da Defesa, num comunicado citado pelo The Guardian, refere que não tinha recebido notificação oficial da mudança de política norte-americana e que era “extremamente importante” para Kiev manter “a estabilidade, a continuidade e a previsibilidade” no fornecimento de armas, especialmente os sistemas de defesa aérea.“Estamos gratos aos Estados Unidos por todo o seu apoio e apreciamos profundamente os esforços dos parceiros americanos para alcançar uma paz genuína”, refere o mesmo comunicado divulgado esta terça-feira, 8 de julho.O Kremlin também se pronunciou sobre a oferta de Donald Trump à Ucrânia, com o seu porta-voz a recordar esta terça-feira que têm havido muitas declarações contraditórias sobre o fornecimento de armas dos EUA à Ucrânia. “Obviamente, os fornecimentos continuam, isso é claro. Obviamente, os europeus estão ativamente envolvidos no abastecimento da Ucrânia com armas”, disse Dmitry Peskov, sublinhando que “quanto ao tipo de fornecimento e à quantidade que a Ucrânia continua a receber dos Estados Unidos, ainda será necessário tempo para esclarecer isso definitivamente”.Outro sinal desta nova aproximação entre Washington e Kiev é a confirmação, por parte do governo italiano, de que o enviado especial dos EUA Keith Kellogg vai participar numa conferência internacional de ajuda humanitária sobre a Ucrânia que se realiza em Roma no final desta semana.Presentes deverão estar também - além da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e Zelensky - Friedrich Merz, os líderes dos governos da Polónia e dos Países Baixos, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, entre outros.