Marjorie Taylor Greene tornou-se conhecida por ser uma das caras do movimento MAGA de Donald Trump e pelas suas posições radicais - como em 2018, três anos antes de ser eleita para a Câmara dos Representantes, ter alegadamente apoiado um plano para assassinar o antigo presidente Barack Obama - e teorias da conspiração, como alegar que os fogos que assolam os Estados Unidos são causados por lasers espaciais judeus. Mas nos últimos meses, a congressista do 14.º distrito da Geórgia tem surpreendido ao mostrar-se desalinhada com os republicanos em vários temas, naquilo que já foi apelidado pelo Politico como uma “rebelião populista”.O exemplo mais recente está relacionado com a paralisação em curso do governo federal dos Estados Unidos - o chamado shutdown - por falta de entendimento entre republicanos e democratas, com estes últimos a garantirem que a extensão dos subsídios à saúde do Obamacare é uma condição inegociável para sair deste impasse. E os democratas contam com o apoio de Marjorie Taylor Greene nesta questão, como ela deixou claro numa publicação nas redes sociais, na qual atacou também o seu partido. “Estou a trilhar o meu próprio caminho. E estou absolutamente indignada porque os prémios do plano de saúde DUPLICARÃO se os créditos fiscais expirarem este ano”, escreveu no X. “Nenhum republicano na liderança falou connosco sobre isto ou nos apresentou um plano para ajudar os americanos a lidar com a DUPLICAÇÃO dos prémios do plano de saúde!!!”. Questionada pela NBC News sobre a sua posição, Taylor Greene explicou que “é importante saber que estou a lutar contra esta questão porque todos os prémios de seguro de saúde já são extremamente caros e aumentar os prémios de seguro de saúde vai esmagar as pessoas”, acrescentando que este “é um dos principais problemas de que ouço falar no meu distrito”.Esta posição chamou a atenção de democratas, mas também da liderança republicana, como Mike Johnson, o porta-voz da Câmara dos Representantes, que optou por desvalorizar as suas críticas. “A congressista Greene não atua nos comités de jurisdição para lidar com estas questões especializadas, e provavelmente não leu isto sobre algumas delas”, afirmou esta semana. Uma coisa Marjorie Taylor Greene tem querido deixar clara: o seu problema nesta questão não é Donald Trump. “Não estou a atribuir a culpa ao presidente”, afirmou numa entrevista à CNN. “Estou a atribuir a culpa ao presidente da Câmara e ao líder [John] Thune no Senado. Isto não deveria estar a acontecer”.No entanto, numa entrevista recente à NBC News, também esclareceu que “não sou uma espécie de escrava cega do presidente e acho que ninguém deveria ser”. “Eu sirvo no Congresso. Somos um ramo separado do governo, e não sou eleita pelo presidente. Não sou eleita por ninguém que trabalhe na Casa Branca. Sou eleita pelo meu distrito. É para eles que trabalho, e fui eleita sem o apoio do presidente, e, sabe, acho que isso me tem servido muito bem”, afirmou.Esta não foi a primeira vez que a congressista MAGA se mostrou desalinhada com os republicanos e até mesmo com a Casa Branca, como quando o presidente decidiu bombardear instalações nucleares do Irão. “Fui eleita com base nas mesmas promessas de campanha que fez o presidente Trump. Prometemos que não haveria mais guerras estrangeiras, nem mais mudanças de regime”, disse então Greene à CNN. Antes, no X, já havia dito que a decisão de Trump “parecia um completo engodo” na agenda MAGA.No final de julho, Taylor Greene foi a primeira republicana no Congresso a classificar como “genocídio” o que estava a acontecer na Faixa de Gaza, tendo um mês mais tarde se mostrado alinhada com a posição do senador e antigo candidato presidencial democrata Bernie Sanders quanto à política da Casa Branca neste conflito, afirmando que toda a ajuda dos EUA a Israel “significa que todos os contribuintes americanos estão a contribuir para as ações militares de Israel”. “Eu não quero pagar por um genocídio num país estrangeiro contra um povo estrangeiro por uma guerra estrangeira com a qual não tive nada a ver”, concluiu.Mais recentemente, foi um dos quatro republicanos na Câmara dos Representantes que assinou uma petição que forçaria uma votação sobre a divulgação completa dos ficheiros do caso Epstein, assunto pelo qual diz ter sido mais pressionada no seu partido, o que a deixou “chocada”. “A verdade precisa de vir ao de cima. E o governo detém a verdade”, disse numa conferência de imprensa com o congressista democrata Ro Khanna.De acordo com a NBC News, se a intenção de Greene era chamar a atenção de Trump, parece ter resultado, pois, segundo fontes com conhecimento direto das conversas, nos últimos meses, o presidente terá ligado a pelo menos dois republicanos de alto nível para perguntar: “O que se passa com a Marjorie?” ..Como Israel está a unir rivais e a separar aliados.Trumpista Marjorie Taylor Greene enfrenta a ira do Congresso