Ranking global de doações: população dos países pobres é mais generosa que a dos ricos
A população de países mais pobres é mais generosa nas suas doações do que a dos países mais ricos, revela uma investigação realizada com 50 mil pessoas em 101 países divulgada esta segunda-feira, 21 de julho.
Segundo o World Giving Report 2025, da Charities Aid Foundation do Reino Unido, no ano passado quase dois terços (64%) das pessoas fizeram algum tipo de doação em dinheiro, seja diretamente para alguém em situação de vulnerabilidade (38%), organizações sociais (36%) ou religiosas (25%).
O levantamento da organização, que desde 2009 analisa os hábitos de doação no mundo, passou a considerar nesta edição a relação entre doações e rendimentos e chegou em conclusão que, em países mais pobres, a população doa, em média, 1,45% do que aufere, mais do dobro dos 0,7% registados em países mais ricos. Em África a percentagem atinge mesmo os 1,54%, enquanto na Europa não vai além dos 0,64%.
Os dados mostram que a generosidade não está relacionada com a riqueza ou a segurança, mas sim com a perceção de necessidade, maioritariamente direcionada para os mais próximos.
Tanto assim é que o líder do ranking os países mais generosos é a Nigéria (2,83%), seguida por Egito (2,45%), Gana e China (empatados com 2,19%) e Quénia (2,13%).
Na cauda da lista estão três países do G7 (Japão, Alemanha e França), sendo que os japoneses são os menos solidários, doando apenas 0,16% do que recebem, e Portugal surge empatado com os franceses na 97.ª posição (0,45%). Já o Brasil aparece a meio da tabela, em 48.º lugar (0,93%).
Os países africanos também se mostraram mais generosos no que concerne ao tempo dedicado ao voluntariado, com 14 horas e 30 minutos por pessoa no ano passado, enquanto na Europa a média foi de seis horas e 30 minutos. O estudo indica que cerca de uma em cada quatro pessoas (26%) fez trabalho voluntário em 2024.
A nível global, as maiores motivações para fazer dações foram o desejo de faze a diferença (65% dos dadores), enquanto para os que nada doaram, a principal razão foi a incapacidade financeira para o fazer (40%).
O levantamento mostrou também que, nos países em que os governos incentivam a filantropia, a população doa 1,7 vezes mais e tende a confiar mais nas organizações sociais do que nos outros.