A justiça brasileira condenou Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, a cinco anos de prisão por ter ajudado os assassinos da vereadora Marielle Franco a se desfazerem do carro usado na execução. Na decisão, o juiz Renan Ongaratto, da 39ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, citou o crime de "embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa”..Orelha, dono de um ferro-velho, está preso desde o fim de fevereiro por, segundo os Grupos de Atuação Especial no Combate a Crime Organizado, ter atrapalhado as investigações ao destruir o carro num local chamado Morro da Pedreira, na zona norte do Rio..Conhecido de Ronnie Lessa e de Élcio de Queiroz, presos como executores do crime, Orelha foi incumbido pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel e também preso, de se livrar do veículo de onde partiram os tiros que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes no atentado de 14 de março de 2018, de acordo com a delação premiada, um acordo que visa a redução de pena em troca de informações provadas, de Queiroz..Na sentença, o juiz menciona que Orelha “tinha consciência da gravidade das infrações penais que estavam sendo investigadas”, referindo-se aos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes. E destaca que “o réu sabia da importância social de uma solução rápida pelo Poder Público”, principalmente porque “todos os jornais, redes sociais e demais veículos mediáticos noticiavam o ocorrido, a sua gravidade e possíveis repercussões”. A destruição do veículo, completa o magistrado, “dificultou as investigações, impossibilitando a realização de perícia criminal no veículo e reforçando a sensação de impunidade”..O juiz Ongaratto afirma também que Orelha, que tinha relação de confiança com o ex-bombeiro Suel, agiu “com dolo ao embaraçar as investigações”, porque tinha conhecimento de que “o veículo que destruiu havia sido usado nos homicídios”..Orelha, dono de um ferro-velho, está preso desde o fim de fevereiro..Segundo a delação de Queiroz, ele e Lessa levaram Orelha, ex-dono de um ferro velho e, por isso, com contato próximo a pessoas que negoceiam peças de carros, a uma praça na Avenida dos Italianos, na região de Rocha Miranda, onde estava o veículo..“Ronnie foi falar que era para dar um sumiço no carro e o Orelha cortou e disse que o Suel já havia explicado a ele Orelha e que ele Orelha não queria saber de nada", afirmou Élcio na delação. Segundo o delator, Orelha tinha “pavor” de Lessa e, durante essa conversa, “estava desesperado para se ir embora”..Queiroz contou aos investigadores que depois desse encontro soube, por meio do Suel, que o carro usado no crime foi para o Morro da Pedreira para ser destruído..Os outros.Continuam, entretanto, presos Domingos e Chiquinho Brazão, os autores morais, segundo delação de Lessa e confirmação da polícia, uma dupla de irmãos com longa trajetória na política do Rio de Janeiro e do Brasil. O primeiro exerce hoje o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio e o segundo é deputado federal..Rivaldo Barbosa, um delegado de polícia que era íntimo de Marielle, também está detido por ter "planeado meticulosamente o crime", segundo a polícia..Além dos autores morais, estão ainda detidos os já citados autores materiais: Lessa, o responsável pelos disparos, e Queiroz, o condutor do veículo de onde os tiros saíram, que assinaram ambos um acordo de delação premiada com as autoridades..Elaine Lessa, mulher de Ronnie, e Bruno Figueiredo, irmão de Elaine e cunhado de Lessa, são considerados cúmplices por terem ajudado a fazer desaparecer as armas do crime, Márcio Mantovani, conhecido com Márcio Gordo, por ter sido filmado com uma caixa onde supostamente transportava aquelas armas, e o referido Suel, por ter feito intermediação. Outro intermediário, Edmilson Oliveira, conhecido como Macalé, a quem foi solicitado o serviço criminoso antes de Lessa, acabou assassinado quanso saía de um supermercado à luz do dia em 2021. .A vereadora Marielle Franco foi executada na noite de 14 de março de 2018, enquanto voltava de um encontro com mulheres negras na Lapa, centro do Rio. O carro em que a parlamentar seguia foi perseguido pelo mesmo veículo, dirigido por Queiroz e de onde Lessa, do banco de trás, disparou os tiros, que Orelha desmanchou peça por peça..Após os tiros, a vereadora e o motorista Anderson Gomes não resistiram aos ferimentos. Fernanda Chaves, a assessora que estava ao lado de Marielle, foi ferida por estilhaços mas sobreviveu.