Qatar denuncia “ataque deliberado” de Israel a jornalistas da Al Jazeera em Gaza. ONU condena "assassínio"
FOTO: EPA/MOHAMMED SABER

Qatar denuncia “ataque deliberado” de Israel a jornalistas da Al Jazeera em Gaza. ONU condena "assassínio"

O canal com sede no Qatar anunciou no domingo a morte dos cinco jornalistas durante um ataque israelita na Faixa de Gaza. Entre eles, Anas al-Sharif, que Israel dizia que liderava uma célula do Hamas.
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O primeiro-ministro do Qatar denunciou esta segunda-feira, 11 de agosto, o “ataque deliberado” de Israel a jornalistas da Al Jazeera na Faixa de Gaza, onde cinco funcionários da emissora qatari e um profissional palestiniano foram mortos no domingo num ataque israelita.

“O alvo deliberado dos jornalistas por Israel na Faixa de Gaza revela o quanto esses crimes ultrapassam a imaginação”, disse Mohammed ben Abdulrahmane al-Thani, que prestou homenagem à memória de “Anas al-Sharif, Mohammed Qraiqea e seus colegas” mortos no ataque a uma tenda na cidade de Gaza.

Por outro lado, o Governo de Gaza, liderado pelo Hamas, anunciou também a morte, no mesmo ataque, de mais um jornalista, Mohamed Al Khalidi, do meio de comunicação palestiniano Sahat, no “ataque de precisão” de Israel, junto ao hospital al-Shifa.

No ataque morreram os correspondentes da televisão do Qatar Al JazeeraAnas al-Sharif e Mohamed Qraiqea, os fotojornalistas Ibrahim Zaher e Moamen Aliwa, o assistente de fotojornalismo Mohamed Nofal e Al Khalidi.

Também a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou “com veemência e indignação o assassínio reivindicado” pelo exército israelita do jornalista Anas al-Sharif, que o exército israelita reconheceu ter alvejado pois considerava-o um “terrorista”.

“Anas al-Sharif, um dos jornalistas mais famosos da Faixa de Gaza, era a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinianos de Gaza”, afirmou a organização de defesa dos direitos dos jornalistas num comunicado enviado à agência noticiosa France-Presse (AFP), pedindo uma “ação forte da comunidade internacional para deter o exército israelita”.

A Al Jazeera, canal com sede no Qatar, anunciou no domingo a morte de cinco dos seus jornalistas durante um ataque israelita na Faixa de Gaza. Entre eles, Anas al-Sharif, 28 anos.

Os nomes dos seis jornalistas juntam-se à lista de mais de 200 profissionais (237, referiu o Governo de Gaza), mortos na guerra lançada como retaliação ao sangrento ataque do movimento palestiniano Hamas a 07 de outubro de 2023.

Segundo os RSF, “o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve reunir-se urgentemente com base na resolução 2.222 de 2015 sobre a proteção de jornalistas em períodos de conflito armado”, a fim de evitar “tais assassínios extrajudiciais de profissionais da comunicação social”.

Os RSF lembram que já apresentaram “quatro queixas” contra o exército israelita no Tribunal Penal Internacional “por crimes de guerra cometidos contra jornalistas em Gaza”.

O exército israelita confirmou ter alvejado Anas al-Sharif, qualificando-o como um “terrorista” que “se fazia passar por jornalista”.

“Al-Sharif era o líder de uma célula terrorista dentro da organização terrorista Hamas e era responsável pela preparação de ataques com foguetes contra civis israelitas e tropas” israelitas, afirmaram as Forças de Defesa de Israel (FDI) na rede social Telegram.

Os RSF defenderam que essas acusações foram feitas “sem provas”, criticando o exército israelita por ter “reproduzido um procedimento conhecido e já testado, especialmente contra jornalistas da Al Jazeera”.

“A 31 de julho de 2024, o exército israelita matou os repórteres Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi num ataque direcionado e reivindicado, acusando o primeiro de ser um terrorista”, argumentou a RSF.

ONU condena “assassínio"

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou “o assassínio de seis jornalistas palestinianos pelo exército israelita” na Faixa de Gaza.

Num comunicado publicado na rede social X, o alto comissariado acusa Israel de ter “atingido a tenda” onde se encontravam cinco funcionários da cadeia de televisão qatari Al Jazeera, o que “constitui uma grave violação do direito internacional humanitário”.

“Israel deve respeitar e proteger todos os civis, incluindo jornalistas”, sublinha ainda o alto comissariado, que lembra que “pelo menos 242 jornalistas palestinianos [237, segundo o Hamas] foram mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023”.

Na mensagem, a ONU reitera o pedido de “acesso imediato, seguro e sem obstáculos a Gaza para todos os jornalistas”.

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