O primeiro-ministro do Qatar denunciou esta segunda-feira, 11 de agosto, o “ataque deliberado” de Israel a jornalistas da Al Jazeera na Faixa de Gaza, onde cinco funcionários da emissora qatari e um profissional palestiniano foram mortos no domingo num ataque israelita.“O alvo deliberado dos jornalistas por Israel na Faixa de Gaza revela o quanto esses crimes ultrapassam a imaginação”, disse Mohammed ben Abdulrahmane al-Thani, que prestou homenagem à memória de “Anas al-Sharif, Mohammed Qraiqea e seus colegas” mortos no ataque a uma tenda na cidade de Gaza.Por outro lado, o Governo de Gaza, liderado pelo Hamas, anunciou também a morte, no mesmo ataque, de mais um jornalista, Mohamed Al Khalidi, do meio de comunicação palestiniano Sahat, no “ataque de precisão” de Israel, junto ao hospital al-Shifa.No ataque morreram os correspondentes da televisão do Qatar Al JazeeraAnas al-Sharif e Mohamed Qraiqea, os fotojornalistas Ibrahim Zaher e Moamen Aliwa, o assistente de fotojornalismo Mohamed Nofal e Al Khalidi.Também a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou “com veemência e indignação o assassínio reivindicado” pelo exército israelita do jornalista Anas al-Sharif, que o exército israelita reconheceu ter alvejado pois considerava-o um “terrorista”.“Anas al-Sharif, um dos jornalistas mais famosos da Faixa de Gaza, era a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinianos de Gaza”, afirmou a organização de defesa dos direitos dos jornalistas num comunicado enviado à agência noticiosa France-Presse (AFP), pedindo uma “ação forte da comunidade internacional para deter o exército israelita”.A Al Jazeera, canal com sede no Qatar, anunciou no domingo a morte de cinco dos seus jornalistas durante um ataque israelita na Faixa de Gaza. Entre eles, Anas al-Sharif, 28 anos.Os nomes dos seis jornalistas juntam-se à lista de mais de 200 profissionais (237, referiu o Governo de Gaza), mortos na guerra lançada como retaliação ao sangrento ataque do movimento palestiniano Hamas a 07 de outubro de 2023.Segundo os RSF, “o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve reunir-se urgentemente com base na resolução 2.222 de 2015 sobre a proteção de jornalistas em períodos de conflito armado”, a fim de evitar “tais assassínios extrajudiciais de profissionais da comunicação social”.Os RSF lembram que já apresentaram “quatro queixas” contra o exército israelita no Tribunal Penal Internacional “por crimes de guerra cometidos contra jornalistas em Gaza”.O exército israelita confirmou ter alvejado Anas al-Sharif, qualificando-o como um “terrorista” que “se fazia passar por jornalista”.“Al-Sharif era o líder de uma célula terrorista dentro da organização terrorista Hamas e era responsável pela preparação de ataques com foguetes contra civis israelitas e tropas” israelitas, afirmaram as Forças de Defesa de Israel (FDI) na rede social Telegram.Os RSF defenderam que essas acusações foram feitas “sem provas”, criticando o exército israelita por ter “reproduzido um procedimento conhecido e já testado, especialmente contra jornalistas da Al Jazeera”.“A 31 de julho de 2024, o exército israelita matou os repórteres Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi num ataque direcionado e reivindicado, acusando o primeiro de ser um terrorista”, argumentou a RSF.ONU condena “assassínio"O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou “o assassínio de seis jornalistas palestinianos pelo exército israelita” na Faixa de Gaza.Num comunicado publicado na rede social X, o alto comissariado acusa Israel de ter “atingido a tenda” onde se encontravam cinco funcionários da cadeia de televisão qatari Al Jazeera, o que “constitui uma grave violação do direito internacional humanitário”.“Israel deve respeitar e proteger todos os civis, incluindo jornalistas”, sublinha ainda o alto comissariado, que lembra que “pelo menos 242 jornalistas palestinianos [237, segundo o Hamas] foram mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023”.Na mensagem, a ONU reitera o pedido de “acesso imediato, seguro e sem obstáculos a Gaza para todos os jornalistas”..Israel confirma morte de jornalista da Al Jazeera em ataque a Gaza e diz que era um agente do Hamas