Putin ameaça atingir “centros de decisão em Kiev” com novo míssil balístico com força comparável a uma arma nuclear
Vladimir Putin vangloriou-se esta quinta-feira por a Rússia ter produzido dez vezes mais mísseis do que todos os países da NATO juntos e ameaçou um ataque aos centros de decisão em Kiev com o seu novo míssil balístico de alcance intermédio.
Durante a cimeira da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) em Astana, o presidente russo disse que a Rússia foi forçada a implantar o novo míssil “em resposta às ações do inimigo”, numa referência à utilização, por parte da Ucrânia, de mísseis fabricados nos Estados Unidos dentro do território russo, e frisou que os equivalentes ocidentais ao novo míssil balístico não vão aparecer tão cedo.
Putin salientou que a força do ataque do míssil Oreshnik, no caso de uma utilização massiva, é comparável a uma arma nuclear.
"Não excluímos a possibilidade de utilizar o 'Orechnik' contra alvos militares, instalações industriais militares ou centros de decisão, incluindo em Kiev", afirmou Putin.
O chefe de Estado russo falava então numa conferência de imprensa transmitida pela televisão russa, à margem de uma visita ao Cazaquistão, depois da recente autorização do Presidente norte-americano, Joe Biden, à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
Em resposta à pergunta de um jornalista, voltou a elogiar o poder de fogo desta arma de alcance intermédio, capaz de atingir qualquer ponto da Europa, mesmo não estando equipada com ogivas nucleares.
"Se utilizarmos vários destes sistemas num só ataque - dois, três, quatro - então, em termos de potência, é comparável à utilização de uma arma nuclear", explicou.
"Não é uma arma atómica porque é A - altamente precisa, e B - não está equipada com uma carga explosiva nuclear e não polui o ambiente. Mas, do ponto de vista da potência, é comparável", indicou o Presidente russo, que já tinha comparado o míssil a "um meteorito" e o calor libertado no momento da explosão à temperatura da superfície do Sol.
As autoridades ucranianas disseram que a Rússia lançou esta quinta-feira de madrugada um ataque de grande envergadura com mísseis e drones contra instalações de produção e distribuição de energia em toda a Ucrânia.
Foram registadas explosões em Kiev, Kharkiv, Rivne, Khmelnytskyi, Lutsk e em muitas outras cidades do centro e oeste da Ucrânia, bem como na região de Sumi, no nordeste.
Na sequência dessa ofensiva russa, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de atacar o seu país com uma centena de drones e mais de 90 mísseis, alguns deles com munições de fragmentação, lançados contra o sistema elétrico ucraniano.
"Estas munições de fragmentação complicam significativamente o trabalho de reparação dos danos causados pelo ataque", escreveu Zelensky, que descreveu este último ataque como "uma escalada perversa das táticas terroristas russas".
O chefe de Estado ucraniano identificou os mísseis que transportavam as munições de fragmentação como mísseis de cruzeiro 'Kalibr', com os quais a Rússia ataca frequentemente o território ucraniano.
Zelensky agradeceu aos trabalhadores do setor elétrico e de emergência pelo seu trabalho na mitigação das consequências do bombardeamento, que é o 11.º grande ataque russo contra o sistema de energia da Ucrânia desde março passado.
"Cada um destes ataques demonstra que os sistemas de defesa aérea são necessários já na Ucrânia para salvar vidas, e não nos armazéns" dos aliados de Kiev, escreveu o líder ucraniano.
Zelensky sublinhou que a sua administração está a trabalhar com os seus parceiros para instalar o maior número de sistemas antiaéreos na Ucrânia no menor tempo possível.
No dia 19 de novembro, a Ucrânia lançou o primeiro ataque com mísseis ATACMS de longo alcance fornecido pelos Estados Unidos contra a região russa de Bryansk e, no dia seguinte, atacou a zona de Kursk com mísseis de fabrico britânico Storm Shadow.
A Rússia respondeu na quinta-feira da semana passada com o lançamento do míssil hipersónico (Oreshnik), um novo projétil balístico de médio alcance, contra uma fábrica de armamento na região ucraniana de Dnipro.
O Presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou recorrer a mísseis de nova geração se Kiev voltar a disparar mísseis contra o território russo.
A Ucrânia ignorou as ameaças de Putin e, no sábado e na segunda-feira, voltou a atacar com mísseis ocidentais de longo alcance alvos militares na região de Kursk, parte de cujo território está ocupado pelas tropas ucranianas desde o mês agosto.