Russos ordenam "controlo estrito" de empresas estrangeiras que suspendam atividades
A procuradoria russa ordenou esta sexta-feira um "controlo estrito" de empresas estrangeiras que anunciaram a suspensão de suas atividades no país devido à intervenção militar russa na Ucrânia.
"Os procuradores estabelecerão um controle estrito sobre o cumprimento da legislação laboral, condições dos contratos de trabalho, pagamento de salários, cumprimento das obrigações contratuais para com os contratados e para com a Federação Russa", anunciou o procurador-geral, em comunicado.
A informação refere ainda que a Rússia "reprimirá firmemente" qualquer tentativa das empresas que deixem o país "de não cumprir unilateralmente as suas obrigações".
A procuradoria promete ainda ações criminais contra empresas que enveredarem pelo caminho da falência "fictícia ou premeditada".
Centenas de empresas já anunciaram que vão suspender ou interromper as suas atividades na Rússia, entre as quais a Coca-Cola, H&M, McDonald's, Ikea, Shell e BP.
Sem pronunciar a palavra "nacionalização", o presidente russo, Vladimir Putin, admitiu na quinta-feira a possibilidade de a Rússia passar a gerir os ativos das empresas estrangeiras que deixam o país, nomeando administradores "externos", como forma de superar as consequências das sanções internacionais impostas após a invasão da Ucrânia.
Durante uma reunião governamental, citado pelas agências russas, Putin sublinhou a necessidade de ação "face àqueles que vão fechar as suas fábricas de produção".
"Temos de agir decisivamente. (...) Teremos que introduzir a gestão externa e depois transferir estas empresas para aqueles que querem trabalhar. Há instrumentos legais suficientes, instrumentos de mercado", prosseguiu.
"Não nos vamos fechar a ninguém, estamos abertos a trabalhar com todos os nossos parceiros estrangeiros que assim o desejem. Os direitos dos investidores e colegas estrangeiros que permanecem e trabalham na Rússia devem ser protegidos de forma fiável", apontou.
Putin disse ainda que as sanções podem conduzir a uma inflação global dos preços dos alimentos, uma vez que a Rússia não será capaz de exportar fertilizantes suficientes.
"Se continuar assim, terá graves consequências (...) para o setor alimentar como um todo. O aumento da inflação será inevitável", afirmou.
"Sobre os países que estão a tomar medidas hostis em relação ao nosso país e à nossa economia, sabemos muito bem que estão a pedir aos vossos cidadãos para apertarem os cintos, para se vestirem mais quentes. E falam das sanções que nos estão a impor como a razão da deterioração da vossa situação", acusou.
O Presidente russo disse que "tudo parece muito estranho", porque, reforçou, a Rússia está "a cumprir todas as obrigações no domínio do fornecimento de energia".
Ao mesmo tempo, manifestou confiança de que a Rússia conseguiria ultrapassar as dificuldades criadas pelas sanções ocidentais com a ajuda de países que não as apoiam.
"Nós, juntamente com os nossos parceiros que não reconhecem estas ações ilegais, iremos certamente encontrar uma solução para todos os problemas que nos estão a tentar criar", asseverou.
Centenas de milhares de empregos estão ameaçados, numa altura em que as sanções ocidentais que atingem o sistema financeiro russo, mas também a indústria, correm o risco de mergulhar a Rússia numa profunda crise económica.
Até ao momento, já provocaram a queda do rublo e um novo aumento da inflação.