Benjamin Netanyahu é um dos alvos dos mandados do TPI.
Benjamin Netanyahu é um dos alvos dos mandados do TPI.Menahem KAHANA / POOL / AFP

Procurador defende mandados do TPI. “Não podemos ter dois pesos”

Decorreram em Bruxelas negociações internacionais com o objetivo de fortalecer a posição da Autoridade Palestiniana.
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“Ninguém tem autorização para cometer crimes de guerra ou crimes contra a humanidade”, afirmou o procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, que solicitou a emissão de mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e contra dirigentes do Hamas. O pedido, formulado na passada segunda-feira ao TPI por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza e em Israel, renderam muitas críticas a Khan. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou “escandaloso” o pedido e afirmou que Israel e o Hamas “não são equivalentes”.

“O nosso trabalho não é fazer amigos”, referiu Khan numa entrevista publicada este domingo pelo jornal britânico The Sunday Times. “Devemos destacar o valor similar de cada criança, cada mulher, cada civil num mundo cada vez mais polarizado”, argumentou, sublinhando que “não podemos ter dois pesos e duas medidas”. 

Khan lembrou que “o mundo está a observar a situação” e que os países da América Latina, África e Ásia devem tirar as suas conclusões sobre a capacidade das instituições globais para defender o direito internacional. “Os Estados poderosos são sinceros quando afirmam que existe um conjunto de leis ou este sistema baseado em regras sem sentido é uma mera ferramenta da NATO e de um mundo pós-colonial, sem nenhuma intenção real de aplicar a lei de forma igualitária?”, questionou Khan.

O procurador britânico, de 54 anos, negou ainda a existência de  qualquer semelhança entre Israel e o Hamas. “Não estou a dizer que Israel, com a sua democracia e o seu tribunal superior, é similar ao Hamas, claro que não”, afirmou. “Israel tem todo o direito de proteger a sua população e de recuperar os reféns capturados pelo Hamas. Mas ninguém tem autorização para cometer crimes de guerra ou crimes contra a humanidade”, explicou, citando  ainda uma série de situações na Faixa de Gaza, como “o facto de a água ter sido cortada (...) pessoas que estavam na fila para receber alimentos foram atacadas, pessoas das agências de ajuda foram mortas”.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, recebeu este domingo o primeiro-ministro palestiniano, Mohammed Mustafa, para negociações internacionais no sentido de fortalecer a Autoridade Palestiniana para esta eventualmente assumir o domínio da Faixa de Gaza, atualmente nas mãos do Hamas.  

Estas conversações decorrem num momento em que os esforços para tentar encontrar uma trégua em Gaza e um acordo para a libertação de reféns ganharam um novo fôlego, havendo a possibilidade de se realizarem negociações durante esta semana. 

E surgem um pouco antes de a Noruega - que acolheu a reunião deste domingo em Bruxelas - reconhecer amanhã o Estado da Palestina, juntamente com Espanha e Irlanda, para fúria de Israel.

com agências 

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