O primeiro-ministro disse esta quarta-feira, 1 de outubro, que o Governo está em contacto com Itália e Espanha sobre o acompanhamento da flotilha humanitária, reconhecendo que há um “registo de perigosidade”, mas que o executivo fez “aquilo que era adequado” neste contexto.“Nós temos estado em contacto com outros Estados-membros e parceiros que têm uma intervenção direta nesse acompanhamento, nomeadamente, com Itália e também com Espanha”, disse Luís Montenegro à entrada para uma reunião informal do Conselho Europeu, em Copenhaga, capital dinamarquesa.Questionado sobre o apelo de proteção por parte do Governo, feito pelos cidadãos portugueses que estão a bordo da flotilha humanitária em direção à Faixa de Gaza, o primeiro-ministro reconheceu que, “neste momento, há de facto um registo de perigosidade”..Flotilha acusa Israel de intimidação e afirma que vai continuar. No entanto, Luís Montenegro considerou que o executivo fez “aquilo que era adequado fazer dadas as circunstâncias”, nomeadamente, “fazendo um apelo para que não se corram riscos desnecessários”, à medida que a flotilha de aproxima de Gaza e há possibilidade de interceção dos militares israelitas e detenção dos ativistas a bordo.“Não podemos fazer mais do que isso nestas circunstâncias”, sustentou.Interpelado sobre se houve contactos com o Governo de Israel no sentido de proteger os cidadãos nacionais que integram esta iniciativa humanitária, nomeadamente a coordenadora do BE e deputada única do partido, Mariana Mortágua, o primeiro-ministro respondeu que há “uma preocupação em garantir que não há nenhum acidente e que a segurança destas pessoas não é posta em causa”.“Mas isso também passa pelos próprios”, comentou.Sobre a rejeição de Mariana Mortágua a este apelo para abandonar a flotilha antes de ser intercetada por Israel, Luís Montenegro disse que só tem de respeitar a decisão da deputada.Questionado sucessivamente pelos jornalistas, Luís Montenegro não respondeu se houve um contacto do Governo com o executivo de Benjamin Netanyahu: "Aquilo que desejo é que haja posições equilibradas de todos".Na terça-feira, o Governo reiterou o apelo aos ativistas portugueses a bordo da flotilha para que se mantenham em águas internacionais, alertando para “riscos muito sérios”."Sem pôr em causa o respeito pela autonomia individual, deixamos este novo apelo e recordamos que há disponibilidade efetiva para fazer chegar a ajuda humanitária que transportam a Gaza através de Chipre”, insistiu o Governo.Esta proposta, avançada por Itália e que teria a colaboração da Igreja Católica, foi rejeitada pelos ativistas, que afirmam querer romper o bloqueio israelita ao enclave palestiniano.."Riscos muito sérios". Governo apela a portugueses na flotilha para que fiquem em águas internacionais.Livre e BE insistem que “não se tirem os olhos” da flotilha.Já esta quarta-feira, o Livre e o BE voltaram a apelar para que “não se tirem os olhos” da flotilha, numa altura em que a embarcação se aproxima do território palestiniano.“Vou apenas pedir a todos nós que estamos solidários com a abertura de um corredor humanitário para Gaza, que não tiremos os olhos da flotilha, porque ela de facto entrou numa fase crítica e temos que proteger esta missão humanitária que quer contrariar quem pretende matar à fome e à bomba um povo inteiro”, apelou a dirigente do BE Joana Mortágua, à margem de uma ação de campanha para as autárquicas de dia 12 de bloquistas e Livre, no Seixal, distrito de Setúbal.Ladeada do porta-voz do Livre Rui Tavares, Joana Mortágua escusou-se a dar pormenores sobre a reunião já pedida pelo partido ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, sobre este tema, dizendo apenas que “a comunicação sobre a flotilha será feita em espaço próprio”.Também Rui Tavares considerou “muito importante que quem é humanista esteja do lado da decência na política internacional”.“E a decência é permitir que as pessoas tenham acesso à ajuda humanitária e quebrar um bloqueio que tem sido absolutamente brutal e desumano sobre a população de Gaza. E não compreendo como é que Estados que estejam do lado dos valores, que dizem estar dos direitos humanos acima de tudo, não fazem o máximo que podem fazer e que devem fazer para proteger o que é, na prática, uma flotilha humanitária”, criticou.O porta-voz do Livre salientou que “as pessoas podem concordar mais ou menos, ou gostar mais ou menos do estilo, mas no essencial a humanidade tem que estar junta”.“Eu acho que aqui não há realidades partidárias, não há sequer essas fronteiras, não é nesse plano que colocamos as coisas”, sublinhou.A organização da flotilha acusou esta quarta-feira "navios militares israelitas" de alegadas "táticas de intimidação", anunciando que irá continuar a sua viagem.."Navios não identificados" aproximam-se da flotilha de Gaza