A Polónia vai introduzir controlos fronteiriços temporários com a Alemanha e a Lituânia a partir de segunda-feira, 7 de julho, uma decisão tomada em resposta à crescente pressão política interna da oposição e aos protestos apoiados pela extrema-direita nas passagens de fronteira do país com a Alemanha ocorridos no último fim de semana devido à imigração ilegal. E que limita ainda mais a livre circulação do Espaço Schengen, que completou 40 anos a 14 de junho.A origem desta questão está na chegada de Friedrich Merz ao poder da Alemanha, adotando uma política migratória mais rigorosa, com a colocação de mais polícias na fronteira e com o anúncio de que alguns requerentes de asilo seriam rejeitados.Na terça-feira à noite, o primeiro-ministro polaco, justificando a decisão do seu governo, referiu que a mudança de política de Berlim está a pressionar Varsóvia a aceitar a entrada de pessoas rejeitadas na fronteira alemã.“Sem controlos fronteiriços do lado polaco, torna-se difícil determinar se aqueles que estão a ser devolvidos ou redirecionados para a Polónia devem ser enviados para cá”, referiu Donald Tusk, acrescentando que tinha alertado “várias vezes” Merz de que a “posição paciente da Polónia estava a esgotar-se”. E avisou ainda o chanceler alemão de que, se Berlim decidir prolongar os seus controlos fronteiriços unilaterais em setembro, Varsóvia responderá na mesma medida. Um pouco antes da decisão polaca ser conhecida, Merz foi questionado sobre as crescentes críticas da Polónia, tendo garantido estar ciente das preocupações de Varsóvia e dito que tinha falado várias vezes com Tusk nos dias anteriores. “Naturalmente, queremos preservar o Espaço Schengen, mas a liberdade de circulação no Espaço Schengen só funcionará a longo prazo se não for violada por aqueles que promovem a migração irregular, em particular pelo contrabando de migrantes”, notou Friedrich Merz. “Temos sido defensores do Espaço Schengen e continuamos a defender uma Europa com fronteiras abertas e liberdade de circulação. No entanto, um sistema deste tipo exige o mesmo compromisso simétrico de todos os países vizinhos”, afirmou, um pouco mais tarde, Donald Tusk. No âmbito das regras da União Europeia, os Estados-membros estão autorizados a reintroduzir temporariamente os controlos fronteiriços em caso de ameaça grave, como a segurança interna, notando que estes devem ser aplicados como último recurso em situações excecionais e devem ser limitados no tempo.Mas a verdade é que, ao fim de 40 anos, o Espaço Schengen - permite a liberdade de movimentos dentro do seu território, abrangendo 29 países (25 da UE e quatro não-comunitários) - está cada vez mais limitado devido aos controlos temporários das fronteiras em nome de preocupações de segurança, que são cada vez mais a norma.De acordo com dados do think tank do Parlamento Europeu, antes de setembro de 2015, nunca houve um caso em que mais de dois Estados Schengen tivessem reintroduzido simultaneamente controlos nas suas fronteiras internas, um valor que aumentou para seis desde novembro do mesmo ano, nomeadamente Alemanha, Áustria, França, Noruega, Suécia e Dinamarca. “Em maio de 2025, cada um destes Estados Schengen tinha acumulado cerca de 3500 dias com controlos nas suas fronteiras internas”, nota a mesma fonte, acrescentando que, a 5 de maio, 11 países tinham em vigor controlos numa ou mais secções das suas fronteiras internas em resposta às atuais ameaças migratórias e à segurança - Bulgária, Itália, Países Baixos, Eslováquia, Eslovénia, além dos seis já mencionados..Polónia apoia Trump nos 5% do PIB em Defesa.Quarenta anos de Schengen