Ursula von der Leyen esteve esta quinta-feira, 17 de julho, na Islândia, visita feita numa altura em que uma maioria dos islandeses mostra ser a favor da reabertura das negociações de adesão à União Europeia, suspensas desde 2015, e com o atual governo de Reiquiavique a ter prometido realizar dentro de dois anos um referendo sobre esta possibilidade.Na agenda a presidente da Comissão Europeia levava, entre outros assuntos, questões sobre segurança e defesa, mas também o comércio, um tema de especial relevância tendo em conta que os dois maiores parceiros comerciais da Islândia - UE e Estados Unidos - se encontram a meio de uma guerra de tarifas. “Congratulo-me com o início das negociações para um Acordo de Parceria em matéria de segurança e defesa. Tal como a senhora, tenho a certeza de que o concluiremos dentro de algumas semanas ou meses”, referiu von der Leyen numa conferência de imprensa conjunta com a primeira-ministra Kristrún Frostadóttir, acrescentando que esta parceria dará acesso a Reiquiavique ao SAFE, o programa da UE de aquisição de defesa no valor de 150 mil milhões de euros. A Defesa é uma preocupação para a Islândia, já que, apesar de ser um dos países fundadores da NATO, é o único membro sem um exército próprio, tendo a sua segurança dependente da própria NATO e de um acordo bilateral com os Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, já ameaçou anexar o seu vizinho mais próximo, a Gronelândia. Há que ter também em conta a invasão russa da Ucrânia, já que a Islândia, em termos geográficos é um país com uma importância estratégica pois fica entre a Gronelândia e o Reino Unido, o que permite à NATO defender os canais marítimos onde o Oceano Ártico e o Mar da Noruega desaguam para o Atlântico. De lembrar ainda que o Ártico é a casa da Frota do Norte da Rússia e alberga a maior parte dos seus submarinos nucleares. O Ártico não foi esquecido pela líder do executivo comunitário, referindo que “mesmo no quintal da Islândia, a Rússia e a China estão a aumentar tanto a sua actividade económica como a sua presença estratégica na região”. Por isso, anunciou que Bruxelas vai “rever a nossa Estratégia para o Árctico, para garantir que está adequada aos desafios do nosso tempo.” A primeira-ministra islandesa, Kristrún Frostadóttir, já admitiu que estas questões vão influenciar o referendo de 2027 sobre as negociações de adesão à UE, mas sublinhou a necessidade de haver uma discussão equilibrada. “Deveríamos aderir à UE como parte de um cenário mais amplo. Não quero conduzir as nossas negociações de adesão com base no medo”, referiu Frostadóttir à Euronews em abril. “Mas é claro que a segurança será um fator importante”.A Islândia candidatou-se à adesão em 2009 e iniciou o processo de negociações no ano seguinte, que acabou por ser suspenso em 2015. Reiquiavique continua a fazer parte do Espaço Schengen e do Espaço Económico Europeu, tendo, ao mesmo tempo, uma legislação nacional muito alinhada com as regras do bloco. Uma sondagem da Prósent conhecida no início do ano mostra que 58% da população é favorável a uma votação sobre se a Islândia deve retomar as negociações de adesão à União Europeia, um valor que, no entanto, desce para 45% quando a pergunta é se são a a favor da adesão à UE, enquanto que 35% são contra e 20% não têm opinião. “Diria que o apoio público para a retoma das negociações existe”, afirmou esta semana ao Politico a ministra dos Negócios Estrangeiros islandesa, Þorgerður Gunnarsdóttir, acrescentando que reabertura das negociações de adesão é “vital no que diz respeito à situação geopolítica”. A também líder do Partido da Reforma lembrou ainda, na mesma entrevista, que Reiquiavique já tinha avançado “bastante no processo de negociação” durante o processo de adesão anterior. .Da Albânia à Ucrânia: quão perto de Bruxelas estão os candidatos a membro da UE?