Os Estados Unidos garantem que conseguem colocar um fim à guerra na Ucrânia em semanas.
Os Estados Unidos garantem que conseguem colocar um fim à guerra na Ucrânia em semanas. JUSTIN LANE/EPA

P&R. Pode a guerra na Ucrânia acabar em breve?

Donald Trump disse na segunda-feira que a guerra poderia acabar “dentro de semanas”. Já Volodymyr Zelensky afirma esperar “poder terminar esta guerra este ano”.
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Qual é a previsão de Donald Trump para o final da guerra?

O presidente dos Estados Unidos disse no encontro que teve na segunda-feira na Casa Branca com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que a guerra poderia acabar “dentro de semanas”, tendo insistido que a Europa deveria arcar com os custos de qualquer acordo de manutenção da paz para a Ucrânia. "Acho que podemos acabar com isto dentro de semanas. Se formos inteligentes. Se não formos inteligentes, isto continuará e continuaremos perdendo pessoas jovens e bonitas que não deveriam estar a morrer", declarou Donald Trump.

No sábado, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, já havia dito que Donald Trump estava confiante na sua capacidade de chegar a um acordo com a Rússia para acabar com o conflito na Ucrânia, sugerindo que o fim da guerra poderia ocorrer já esta semana.

E o que dizem os líderes europeus sobre estes prazos?

Depois do encontro na Casa Branca, Emmanuel Macron, em declarações à Fox News, afirmou que uma trégua entre a Ucrânia e a Rússia poderia ser acordada nas próximas semanas. Um prazo que vai de encontro com o apontado por Donald Trump, com a diferença que o presidente norte-americano fala em fim da guerra e o líder francês em trégua entre as duas partes.

Do lado da Ucrânia, Volodymyr Zelensky já apontou alguma data?

Na cimeira de líderes que se realizou na segunda-feira em Kiev, para marcar o terceiro aniversário da invasão russa, o presidente ucraniano afirmou esperar “poder terminar esta guerra este ano”, mas alertou que a Kiev precisa de garantias de segurança para evitar uma retaliação da Rússia, voltando a sugerir que a adesão à União Europeia e à NATO ajudará nesse sentido.

E a Rússia já deu algum sinal em termos de datas?

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, afirmou na segunda-feira que Moscovo está aberto a estabelecer negociações sobre o fim da guerra, mas deixou claro que só interromperá os combates quando houver um acordo de paz que "satisfaça" os seus interesses, sem adiantar qualquer data. Lavrov declarou ainda que a Rússia está a colaborar com os Estados Unidos num acordo de paz, acusando, porém, a Europa de tentar prolongar o conflito.

O que é que tem sido dito sobre uma possível trégua?

Emmanuel Macron disse na segunda-feira a Donald Trump que a Europa está preparada para fornecer garantias de segurança à Ucrânia, incluindo forças de manutenção da paz, em caso de um cessar-fogo. Ao que o presidente dos Estados Unidos respondeu que a Casa Branca apoiava o envio de tropas europeias para monitorizar um cessar-fogo e que tinha discutido a proposta com Putin, que "a aceitaria". No entanto, já esta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou comentar diretamente a afirmação de Trump, de que a Rússia aceitaria tropas de manutenção da paz na Ucrânia, mas referiu umas declarações anteriores proferidas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que considerou essa possibilidade “inaceitável”. “Há uma posição sobre este assunto que foi expressa pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Lavrov. Não tenho nada a acrescentar e nada a comentar”, referiu Peskov.

Está também em cima da mesa um acordo sobre terras raras da Ucrânia.

Donald Trump anunciou na segunda-feira que Volodymyr Zelensky deverá visitar a Casa Branca ainda esta semana ou na próxima semana. "Gostaria de me encontrar com ele na Sala Oval. Estamos a trabalhar no acordo, estamos muito perto de um acordo final, que incluirá terras raras (minérios) e outras coisas. Gostaria que ele viesse aqui para o assinar", disse o presidente dos Estados Unidos. Emmanuel Macron também falou sobre esse potencial acordo depois do seu encontro na Casa Branca, referindo que a chave para desbloquear garantias de segurança para a Ucrânia por parte dos Estados Unidos passa por Washington ter interesses diretos. “Primeiro precisamos de uma trégua, e durante esse tempo, podemos negociar garantias de segurança, e os Estados Unidos terão um acordo sobre minerais, que é uma das melhores formas de comprometer os Estados Unidos", afirmou o líder francês à Fox News.

Mas o que implica esse acordo?

Desde início de fevereiro que Donald Trump insiste em querer que os EUA tenham acesso às terras raras ucranianas como forma de compensação do apoio financeiro de que tem beneficiado nestes três anos de guerra. O acordo inicial apresentado pelos norte-americanos daria acesso a 50% da riqueza ucraniana, uma proposta que Zelensky recusou, até porque não tinha incluídas garantias de segurança para a Ucrânia. Na segunda-feira, o líder ucraniano disse ter tido uma “boa conversa” com Trump numa videoconferência do G7, tendo o presidente norte-americano reiterado na Truth Social a importância desse acordo - que apelidou de “parceria económica” -, dizendo esperar que seja assinado “muito em breve”.

Mais cedo, a vice-primeira-ministra ucraniana Olga Stefanishyna, tinha dito que as negociações estão na “fase final” e que Kiev está “comprometido em completar o acordo rapidamente para prosseguir com a sua assinatura”. De recordar que a oferta de acesso às terras raras ucranianas e outras riquezas minerais estava prevista no “plano de vitória” que Zelensky apresentou aos aliados no ano passado.

Paralelamente, a Rússia está a tentar convencer Trump de que pode oferecer um acordo melhor. “Estamos prontos para trabalhar com nossos parceiros, incluindo os americanos” para ter acesso às nossas reservas minerais, incluindo nas zonas da Ucrânia ocupadas por Moscovo, declarou Vladimir Putin na segunda-feira à noite, sugerindo ainda que a Rússia poderia retomar a venda de alumínio aos Estados Unidos.

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