PM húngaro Órban chega à Rússia três dias após estar na Ucrânia
Anton Vaganov / POOL / AFP

PM húngaro Órban chega à Rússia três dias após estar na Ucrânia

Viktor Órban vai encontrar-se com o presidente russo , Vladimir Putin. O chefe da diplomacia da União Europeia afirmou que esta deslocação se "insere exclusivamente no quadro das relações bilaterais".
Publicado a
Atualizado a

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, chegou esta sexta-feira a Moscovo para uma viagem oficial à Rússia três dias após visitar a Ucrânia, e vai encontrar-se com o Presidente russo, confirmou esta sexta-feira o seu porta-voz, falando numa "missão de paz".

"O primeiro-ministro Viktor Orbán chegou a Moscovo no âmbito da sua missão de paz. O primeiro-ministro vai encontrar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin", informaram o porta-voz do chefe de governo húngaro, Bertalan Havasi, à agência de notícias estatal húngara MTI.

A confirmação surge depois de rumores de que esta deslocação iria ocorrer esta sexta-feira, três dias após Viktor Órban ter viajado até Kiev para se encontrar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Em relação à sua deslocação a Moscovo, o chefe da diplomacia da União Europeia vincou que esta se "insere exclusivamente no quadro das relações bilaterais", excluindo qualquer representação europeia quando a Hungria assume a presidência rotativa. E o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a presidência húngara do Conselho da União Europeia "não tem mandato para se envolver com a Rússia em nome" dos 27 Estados-membros.

"A visita do primeiro-ministro Viktor Orbán a Moscovo insere-se exclusivamente no quadro das relações bilaterais entre a Hungria e a Rússia", salienta o Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, num comunicado.

Numa altura em que a Hungria assume a presidência rotativa do Conselho da UE, desde a passada segunda-feira e até 31 de dezembro, o responsável assinalou que "tal não implica qualquer representação externa da União, que é da responsabilidade do presidente do Conselho Europeu, a nível de chefe de Estado ou de Governo, e do Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, a nível ministerial".

"O primeiro-ministro Orbán não recebeu qualquer mandato do Conselho da UE para visitar Moscovo. A posição da UE sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia reflete-se em muitas conclusões do Conselho Europeu [...] e exclui contactos oficiais entre a UE e o Presidente [russo], Putin", indica Josep Borrell na UE.

"O primeiro-ministro húngaro não está, portanto, a representar a UE de qualquer forma", salientou, recordando que Putin "foi acusado pelo Tribunal Penal Internacional e foi emitido um mandado de captura pelo seu papel na deportação forçada de crianças da Ucrânia para a Rússia".

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a presidência húngara do Conselho da União Europeia "não tem mandato para se envolver com a Rússia em nome" dos 27 Estados-membros, na rede social X (antigo Twitter).

"A presidência rotativa da UE não tem mandato para se envolver com a Rússia em nome da União Europeia", escreveu Charles Michel.

Na mesma publicação, Charles Michel disse ainda que o "Conselho Europeu é claro: a Rússia é o agressor, a Ucrânia a vítima".

"Não haverá discussões sobre a Ucrânia que não envolvam a Ucrânia", declarou.

Na manha desta sexta-feira, em declarações à estação pública de rádio Kossuth, Viktor Órban afirmou que "não se pode fazer a paz a partir de uma poltrona confortável em Bruxelas".

"Mesmo que a presidência rotativa da UE não tenha mandato para negociar em nome da UE, não podemos sentar-nos e esperar que a guerra acabe miraculosamente. Serviremos como um instrumento importante para dar os primeiros passos em direção à paz, é este o objetivo da nossa missão de paz", adiantou o primeiro-ministro húngaro.

Orbán deslocou-se há três dias a Kiev, pela primeira vez desde o início da invasão russa, e exortou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a considerar um cessar-fogo como maneira de acelerar as negociações para um processo de paz com o Kremlin.

A visita de hoje é contrária àquela que tem sido a postura de todas as instituições da União Europeia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

Viktor Orbán e o seu Governo conservador são próximos do regime russo de Vladimir Putin.

A Hungria é o único país entre os 27 Estados-membros a assumir publicamente a vontade de deixar de contribuir com os esforços económico-financeiros, militares e diplomáticos.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt