PM húngaro critica "acordo vergonhoso" que inclui eventual nomeação de Costa
John THYS / AFP

PM húngaro critica "acordo vergonhoso" que inclui eventual nomeação de Costa

"O Partido Popular Europeu formou uma coligação de mentiras com a esquerda e os liberais e não apoiamos este acordo vergonhoso", escreveu Viktor Órban na redes social X (twitter).
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O primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, criticou esta quinta-feira o "acordo vergonhoso" sobre os cargos de topo da União Europeia (UE), que inclui o aval preliminar à nomeação do ex-primeiro-ministro, António Costa, para a presidência do Conselho Europeu.

"Os eleitores europeus foram enganados. O Partido Popular Europeu formou uma coligação de mentiras com a esquerda e os liberais e não apoiamos este acordo vergonhoso", escreveu Viktor Órban na rede social X (antigo Twitter).

A posição surge quando arranca em Bruxelas o Conselho Europeu decisivo dedicado às nomeações para a liderança das instituições europeias até 2029, dois dias depois de um acordo preliminar alcançado entre os negociadores das principais famílias políticas no Conselho Europeu (centro-direita, socialistas e liberais).

Além de Viktor Órban, também a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, tem criticado o acordo agora alcançado.

Falando à chegada para a cimeira europeia de dois dias, o primeiro-ministro polaco e negociador de centro-direita, Donald Tusk, rejeitou divergências com Giorgia Meloni, garantindo que "ninguém a respeita mais" do que o próprio.

"É um equívoco pensar que, por vezes, precisamos de plataformas políticas específicas para facilitar o processo da posição comum destes três maiores grupos no Conselho Europeu. Nós, como sabem, terminámos as nossas negociações no âmbito desta plataforma política, mas isto foi apenas para facilitar o processo aqui, [sendo que] a decisão cabe à senhora Meloni e aos outros líderes durante a reunião" dos líderes europeus, adiantou.

Já o chanceler alemão e negociador dos socialistas, Olaf Scholz, recordou que, apesar de existir "um acordo entre as famílias políticas de centro-direita, socialistas e liberais", ainda decorre uma discussão "relevante" ao nível do Conselho Europeu.

Os chefes de Governo e de Estado da UE vão decidir hoje se aprovam a nomeação do ex-primeiro-ministro português António Costa para a presidência do Conselho Europeu, no âmbito do pacote dos cargos de topo europeus até 2029.

Esta quinta-feira reunidos em Bruxelas, os líderes dos 27 vão discutir os altos cargos das instituições da UE no próximo ciclo institucional (2024-2029) na sequência das eleições europeias, havendo já um aval político preliminar entre o centro-direita, os socialistas e os liberais ao nome de António Costa para a liderança do Conselho Europeu, ao de Ursula von der Leyen para um segundo mandato na Comissão Europeia e ao da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para chefe da diplomacia comunitária.

Precisamente por haver já esta 'luz verde' preliminar pelas principais famílias políticas, esperam-se negociações mais fáceis, numa votação final que tem agora de ser feita por maioria qualificada (e não por unanimidade) pelos chefes de Governo e de Estado da UE no Conselho Europeu.

No caso de Costa (socialista), os Tratados indicam que o presidente do Conselho Europeu é eleito por um período inicial de dois anos e meio, com o mandato a poder ou não ser renovado, sendo esta janela temporal que está em cima da mesa.

No caso de Von der Leyen (centro-direita) e Kallas (liberal), estão em causa mandatos de cinco anos.

Apesar do consenso sobre estes três nomes, os primeiros-ministros de Itália, Giorgia Meloni, e da Hungria, Viktor Orbán, já demonstraram estar contra o pacote dos cargos de topo, mas o seu aval não é obrigatório visto tratar-se de uma votação por maioria qualificada.

Apesar da sua demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português António Costa poderá suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado do bloco europeu, numa nomeação que é feita pelos líderes, que decidem por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).

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