O primeiro-ministro israelita mostrou-se esta terça-feira, 18 de novembro, satisfeito com a aprovação nas Nações Unidas do plano de Donald Trump para Gaza, mas voltou a evidenciar as suas diferenças em relação ao proposto, enquanto o Hamas considerou o documento um instrumento de controlo estrangeiro. “Não é claro se a resolução do Conselho de Segurança da ONU poderá ser implementada. Mas reflete duas novas realidades: Trump internacionalizou a questão palestiniana relacionada com a Faixa de Gaza e apoiou a solução de dois Estados como objetivo final”, escreveu ontem no X Aaron David Miller, especialista em Médio Oriente e antigo negociador do Departamento de Estado norte-americano.A resolução - da autoria dos EUA e aprovada na segunda-feira com 13 votos a favor e a abstenção da China e da Rússia - apoia a criação de um Conselho de Paz como uma “administração da governação de transição” em Gaza e autoriza-o a estabelecer uma Força Internacional de Estabilização no enclave, com as duas entidades a vigorarem até 31 de dezembro de 2027, sujeito a novas deliberações do Conselho.“Acreditamos que o plano do presidente Trump levará à paz e à prosperidade porque insiste na desmilitarização, no desarmamento e na desradicalização completos de Gaza”, declarou Benjamin Netanyahu. “Israel estende a mão da paz e da prosperidade a todos os nossos vizinhos”, prosseguiu, convidando os países vizinhos a “unirem-se a nós na expulsão do Hamas e dos seus apoiantes da região”.Um porta-voz do governo israelita explicou mais tarde à Reuters que a expulsão do Hamas significa “garantir que não existe Hamas em Gaza, tal como delineado no plano de 20 pontos, e que o Hamas não tem capacidade para governar o povo palestiniano dentro da Faixa de Gaza”.A questão é que o plano de Trump não refere a expulsão do Hamas, mas sim que os seus membros que “se comprometam com a coexistência pacífica e com o desarmamento receberão amnistia” e aqueles que desejarem sair de Gaza terão passagem segura para países terceiros. Ao mesmo tempo, é dito que o Hamas concordará em não participar na governação de Gaza. Outra divergência de Israel tem a ver com o futuro dos palestinianos. Durante quase duas semanas de negociações sobre a resolução agora aprovada na ONU, as nações árabes e os palestinianos pressionaram os EUA a fortalecerem a linguagem original, considerada frágil, sobre a autodeterminação palestiniana. Assim, no texto revisto, é dito que, após a Autoridade Palestiniana implementar reformas e após o avanço da reconstrução de Gaza, “as condições poderão finalmente estar reunidas para um caminho viável rumo à autodeterminação e à formação de um Estado palestiniano”.No entanto, Netanyahu já deixou claro o que pensa. “A nossa oposição a um Estado palestiniano em qualquer território não mudou. Gaza será desmilitarizada e o Hamas será desarmado, seja pelo caminho fácil ou pelo difícil”, afirmou no domingo.Do lado do Hamas as divergências ao plano de Trump são também notórias, com o grupo palestiniano a referir esta terça-feira que o facto de a Força Internacional de Estabilização ter poderes para proceder ao seu desarmamento “priva-a da sua neutralidade e transforma-a em parte do conflito a favor da ocupação”, sublinhando que a resolução não “atende ao nível das exigências e direitos políticos e humanitários do povo palestiniano”.Para o Hamas uma força internacional supervisionada pela ONU deve ser destacada apenas para as fronteiras de Gaza para monitorizar o cessar-fogo, operando somente com as instituições palestinianas.Varsen Aghabekian Shahin, a ministra dos Negócios Estrangeiros palestiniana, por seu turno, afirmou esta terça-feira que este é um primeiro passo necessário “porque não podíamos embarcar em mais nada antes de termos um cessar-fogo”..Conselho de Segurança da ONU aprova Força Internacional para Gaza.Trump diz que força internacional irá "muito em breve" para a Faixa de Gaza