Pioneiro na investigação do PCC é morto a tiro em São Paulo

Pioneiro na investigação do PCC é morto a tiro em São Paulo

Ruy Ferraz Fontes, considerado um dos maiores especialistas no grupo criminoso, foi executado no carro, a poucos metros da prefeitura da cidade de Praia Grande, onde trabalhava.
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A polícia civil de São Paulo montou uma task force para descobrir quem matou Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado e pioneiro na investigação da maior organização criminosa brasileira, o Primeiro Comando da Capital (PCC), num ataque a tiros em Praia Grande, cidade no litoral do estado onde a vítima trabalhava como secretário municipal, na noite de segunda-feira, 15 de setembro. 

Minutos depois de sair do trabalho na prefeitura, o carro onde seguia Fontes, 63 anos, foi abordado por outro. Perseguido, Fontes acelerou e bateu contra um autocarro. Da outra viatura saíram então três homens com espingardas que dispararam 20 tiros. Duas pessoas que circulavam nas imediações também ficaram feridas. O carro usado no ataque foi encontrado numa rua a cerca de dois quilómetros da cena do crime já incendiado.

A execução foi gravada por câmeras de vigilância, uma das peças fundamentais da investigação, assim como a perícia ao veículo carbonizado e a um outro descoberto com armas e munições que também pertencia aos criminosos. Testemunhas relataram que Fontes usava normalmente um carro blindado e costumava sair do trabalho depois das 19 horas locais. Desta vez saiu 40 minutos antes e num carro sem proteção.

“Todas as linhas de investigação vão ser analisadas”, disse Artur Dian, delegado de polícia da região. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, já determinou que equipas da tropa de elite do estado integrem a task force. 

No início dos anos 2000, Fontes foi o primeiro delegado de polícia a acusar por formação de quadrilha os líderes do PCC, o hoje detido Marco Willians Herbas Camacho, Marcola, e os já falecidos César Augusto Roriz da Silva, Cesinha (1968-2006), e José Márcio Felício, Geleião (1961-2021). 

Ele trabalhava há cerca de um ano e meio na prefeitura de Praia Grande e foi mantido na gestão municipal mesmo após a troca de prefeito, com a eleição de Alberto Mourão em 2024. “Ele era competente, muito experiente, com formação adequada. Não deixava de enfrentar os problemas com muita técnica e coragem", disse Mourão ao jornal Folha de S. Paulo.

"Ele estava marcado de morte desde 2006 e o PCC não perdoa, pode demorar mas é questão de honra para a organização executar quem está marcado de morte", disse Lincoln Gakiya, promotor do ministério público e amigo pessoal da vítima, à Globonews. "Ao vermos as imagens, tudo indica que foi obra do PCC", acrescentou o especialista do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado.  

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