Pelo menos 20 mortos em terramoto no norte do Afeganistão

Pelo menos 20 mortos em terramoto no norte do Afeganistão

Terramoto de magnitude 6,3 fez ainda mais de 300 feridos, segundo autoridades locais. Sismo ocorreu perto da cidade de Mazar-e-Sharif, onde a mesquita azul, monumento do século XV, ficou danificada.
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Mais de 20 pessoas morreram esta segunda-feira, 3 de novembro, na sequência de um terramoto de magnitude 6,3 no norte do Afeganistão, de acordo com um novo balanço das autoridades.

"Cerca de 320 compatriotas ficaram feridos e mais de 20 morreram" nas províncias de Samangan e Balkh, declarou Sharafat Zaman, porta-voz do Ministério da Saúde, sublinhando que se trata de um balanço provisório.

Um balanço anterior da autoridade de gestão de catástrofes afegã, a ANDMA, dava conta de nove mortos.

O terramoto, que ocorreu pouco antes da 01:00 hora local (20:30 de domingo em Lisboa) em Kholm, na província de Samangan, perto da cidade de Mazar-e-Sharif, teve uma profundidade de 28 quilómetros, de acordo com o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos (USGS).

Anteriormente, a ANDMA indicou que a maioria dos feridos em Samangan regressou a casa após receberem cuidados médicos.

Em Mazar-e-Sharif, grande cidade do norte do país, na província de Balkh, a mesquita azul, monumento do século XV, ficou danificada: pedras soltaram-se do imponente edifício, especialmente no minarete, e cobriram o chão do local, um dos únicos pontos turísticos do país, segundo testemunhou um jornalista da agência France-Presse (AFP).

Os jornalistas não foram autorizados a fotografar a mesquita.

O Ministério da Defesa disse ter desobstruído e reaberto uma estrada que foi cortada por deslizamentos de terra, e resgatado pessoas que aí ficaram presas durante a noite.

Os tremores foram sentidos até na capital Cabul, a centenas de quilómetros de distância, relataram jornalistas da AFP no local.

Este terramoto surge após um outro de magnitude 6 ter atingido, no final de agosto, as províncias orientais de Kounar, Laghman e Nangarhar. O sismo, o mais mortífero da história recente do Afeganistão, matou 2.205 pessoas, feriu outras 3.640 e destruiu quase 7.000 casas, de acordo com as autoridades talibãs.

Esse tremor foi seguido por numerosas réplicas e os trabalhos de apoio acabaram por ser dificultados devido ao complicado acesso às zonas afetadas, uma vez que o terramoto atingiu áreas agrícolas e remotas, na fronteira com o Paquistão.

De acordo com o Gabinete de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), são necessários 111,5 milhões de dólares (96,6 milhões de euros) apenas para a resposta pós-terramoto no leste do país, que colocou 221.000 pessoas em situação de "necessidade urgente" de ajuda humanitária.

O Afeganistão é frequentemente atingido por terramotos, especialmente na cordilheira Hindu Kush, perto da junção das placas tectónicas eurasiática e indiana.

Desde 1900, o nordeste do país sofreu 12 terramotos com magnitude superior a 7 na escala de Richter, de acordo com Brian Baptie, sismólogo do Serviço Geológico Britânico.

Os talibãs, de volta ao poder no Afeganistão desde 2021, já enfrentaram vários terramotos, incluindo o da região de Herat, na fronteira com o Irão, em 2023, no qual mais de 1.500 pessoas morreram e mais de 63.000 casas foram destruídas.

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