Parlamento Europeu suspende acesso de representantes da Huawei como precaução
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Parlamento Europeu suspende acesso de representantes da Huawei como precaução

Informação surge um dia após a polícia belga ter realizado buscas no âmbito de uma investigação de corrupção no Parlamento Europeu envolvendo lobistas da empresa e que terá ramificações em Portugal.
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O Parlamento Europeu decidiu esta sexta-feira suspender, como medida de precaução, o acesso à instituição europeia de representantes ligados à fabricante chinesa Huawei pela alegada corrupção envolvendo profissionais do lóbi e que terá ramificações em Portugal.

"A 14 de março, o Parlamento Europeu decidiu, como medida de precaução, suspender o acesso ao Parlamento dos representantes ligados à empresa Huawei, com efeitos imediatos", indicou à agência Lusa fonte oficial da assembleia europeia.

A informação surge um dia depois de as autoridades belgas ter realizado uma vintena de buscas no âmbito de uma investigação de corrupção no Parlamento Europeu envolvendo lobistas da chinesa Huawei e que terá ramificações em Portugal, segundo noticiou o jornal belga Le Soir.

Parlamento Europeu suspende acesso de representantes da Huawei como precaução
Suspeitas de corrupção no Parlamento Europeu. Vários detidos em operação que envolveu buscas em Portugal

Já esta sexta-feira, o governo chinês pediu que não se politize questões comerciais nem se recorra a medidas "infundadas" para reprimir empresas chinesas além-fronteiras, aludindo à recente investigação sobre a alegada corrupção ligada à Huawei no Parlamento Europeu.

Na quinta-feira, a polícia realizou cerca de 20 buscas na Bélgica, no âmbito de uma investigação sobre corrupção na assembleia europeia "sob a capa de lóbis comerciais", tendo sido detidas várias pessoas, anunciou o Ministério Público Federal belga, que referiu ainda a realização de uma busca em Portugal.

Contactada pela Lusa, a Polícia Judiciária confirmou estar a colaborar com as autoridades belgas, mas não acrescentou mais pormenores.

Parlamento Europeu suspende acesso de representantes da Huawei como precaução
Lobista Nuno Wahnon Martins é o português detido na operação que investiga corrupção da Huawei e eurodeputados

De acordo com o jornal belga Le Soir, a investigação visa as práticas em Bruxelas, desde 2021, de lobistas ligados ao grupo chinês de telecomunicações Huawei.

A investigação suspeita que tenha havido transferências feitas "para um ou mais deputados europeus através de uma empresa portuguesa" que terá sido também alvo de buscas esta sexta-feira, acrescenta o jornal, sem adiantar pormenores.

Fonte do Parlamento Europeu adiantou à Lusa que este tem, sempre que solicitado, colaborado totalmente com as autoridades.

"As vantagens financeiras ligadas à alegada corrupção foram possivelmente misturadas com fluxos financeiros ligados ao pagamento de despesas de conferências e pagas a vários intermediários, com o objetivo de ocultar a sua natureza ilícita ou de permitir que os autores escapassem às consequências dos seus atos", diz o procurador federal, citado pelo diário belga francófono.

Segundo o procurador, a investigação procura igualmente identificar eventuais elementos de branqueamento de capitais.

Nenhum eurodeputado foi ainda identificado nesta operação, de acordo com o Le Soir e os seus parceiros da investigação jornalística - o semanário Knack, a plataforma de investigação neerlandesa Follow The Money e os jornalistas de investigação gregos Reporters United.

A alegada corrupção neste caso envolveu presentes de valor (incluindo smartphones Huawei), bilhetes para jogos de futebol (a Huawei tem um camarote privado no Lotto Park, o estádio do RSC Anderlecht) ou transferências de alguns milhares de euros.

De acordo com o código de conduta dos eurodeputados, qualquer objeto oferecido por um terceiro de valor superior a 150 euros deve ser declarado e inscrito publicamente no registo de ofertas.

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