Díaz em 2021.
Díaz em 2021.CC

Opositor venezuelano Alfredo Díaz morreu na prisão

Tinha 55 anos e estava detido há um ano. Apenas a sua filha o podia visitar.
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O Foro Penal, organização não governamental (ONG) que documenta detenções de presos políticos na Venezuela, anunciou este sábado, 6 de dezembro, a morte na prisão, sob custódia do Estado, de mais um opositor político, o ex-governador do estado de Nueva Esparta, Alfredo Díaz.

A denúncia foi feita através das redes sociais, numa mensagem em que o Foro Penal (FP) anuncia a morte de Alfredo Díaz, encarcerado há mais de um ano e em isolamento, recordando que “17 presos políticos morreram na Venezuela, desde 2014”.

“Alfredo Díaz, ex-governador de Nueva Esparta, outro preso político que morre nas prisões venezuelanas. Estava preso há um ano, em isolamento. Só permitiram uma visita da sua filha. Tinha 55 anos. É revoltante! O Estado é responsável pela saúde das pessoas sob sua custódia”, denuncia o presidente do FP, Alfredo Romero, na rede social X.

Na mesma rede, o vice-presidente do FP, Gonzalo Himiob, adiantou que os familiares de Díaz já foram informados da morte do político e estão a caminho de Caracas, precisando que a vítima estava presa em El Helicoide, um conhecido cárcere do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN, serviços de informações).

“De acordo com o Protocolo de Minnesota (2016), trata-se de uma morte potencialmente ilícita que deve ser investigada de forma objetiva e imparcial”, sublinha Gonzalo Himiob, na sua mensagem.

A ONG Encontro, Justiça e Perdão (EJP), por seu lado, lamentou, também no X, a morte de Alfredo Díaz, precisando que na sexta-feira sofreu um ataque cardíaco.

“Alfredo esteve isolado e incomunicado por mais de um ano. Durante todo esse tempo, os funcionários responsáveis pela sua custódia negaram-lhe qualquer contacto com os seus familiares, alegando ordens superiores (…). A sua detenção arbitrária ocorreu em novembro de 2024, foi acusado, sem provas, de incitação ao ódio e terrorismo; acusações frequentemente utilizadas nos tribunais para justificar penas máximas contra dissidentes e vozes da oposição”, denuncia a EJP.

A EJP diz ainda acompanhar a mulher e familiares de Díaz na exigência de uma investigação independente, séria e transparente que esclareça os factos que conduziram à morte do opositor político e identifique os responsáveis por ação ou omissão, durante o seu encarceramento.

“A morte de Alfredo lembra-nos, mais uma vez, a urgência de pôr fim à repressão, libertar todos os presos políticos e garantir o pleno respeito pelos direitos humanos na Venezuela. Convocamos o país e a comunidade internacional a condenar este facto que enlutou mais uma família venezuelana e que se soma às lamentáveis e repudiáveis consequências do mais atroz ataque das forças de segurança do Estado contra uma população desamparada e empobrecida, cujo único anseio continua a ser um país democrático onde a paz seja expressão da verdade, da liberdade, da justiça e do desenvolvimento económico”, afirma ainda a EJP.

O partido opositor Vontade Popular declarou que “este não é um caso isolado”, mas sim “a consequência direta de um sistema que persegue, encarcera e destrói vidas para se manter no poder”.

“Alfredo Díaz morreu sem liberdade, sem justiça e sem garantias mínimas, numa prisão onde o regime decide quem vive e quem morre”, denunciou na X aquele partido da oposição.

Também a Plataforma Unitária Democrática (PUD), que reúne os principais partidos da oposição venezuelana, lamentou a morte de Alfredo Díaz, referindo-se à sua detenção como “um sequestro”.

Nas redes sociais locais, vários políticos venezuelanos acusam o Estado venezuelano de ter negado a assistência médica que a vítima tinha solicitado, durante meses.

Na plataforma Instagram, Leynys Malavé, mulher de Alfredo Diáz, questiona o Estado venezuelano sobre a morte do marido.

“Exijo uma resposta sobre o que aconteceu com o meu marido. Mataram-no?”, interroga.

Segundo o Fórum Penal, a Venezuela tem 887 pessoas presas por motivos políticos, 770 homens e 117 mulheres, dos quais 713 são civis e 174 militares, incluindo quatro adolescentes.

Segundo a organização, entre os presos contam-se 85 cidadãos estrangeiros.

O Foro Penal desconhece o paradeiro de 60 presos políticos.

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