Vitória de Samia Suluhu Hassan foi rejeitada pela oposição.
Vitória de Samia Suluhu Hassan foi rejeitada pela oposição.Foto: Facebook

Oposição rejeita reeleição da atual Presidente da Tanzânia. UE confia no número mortos nos protestos

O principal partido de oposição, o Chadema, eleva o número de mortos para mais de 700, mas o Governo refuta estes números e fala em cerca de 150.
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O Partido para a Democracia e o Progresso (Chadema), principal formação política da oposição na Tanzânia, rejeitou a vitória da Presidente Samia Suluhu Hassan nas eleições gerais de quarta-feira, marcadas por protestos que causaram centenas de mortos. A Comissão Eleitoral Nacional Independente (INEC) declarou no sábado Samia Suluhu Hassan vencedora, excluindo os principais rivais da oposição, com 97,66% dos votos.

Esses resultados são infundados, pois a verdade é que não foram realizadas eleições legítimas na Tanzânia, afirmou o partido da oposição em comunicado divulgado no final da noite de sábado.

Os cidadãos não participaram das eleições de 29 de outubro devido a um ambiente que não foi livre nem justo, e à ausência de igualdade de condições, enfatizou o Chadema, defendendo que os números foram manipulado e que as manifestações são prova irrefutável de que os cidadãos rejeitam qualquer candidato que surja desse processo eleitoral.

O Chadema, em declarações à imprensa internacional, estimou em mais de 700 o número de mortos nas manifestações em Dar es Salaam desde as eleições, em resultado da repressão da polícia, mas o Governo refuta estes números e fala em cerca de 150.

UE confia nos números

A União Europeia (UE) considera confiáveis os relatos que confirmam um elevado número de mortes resultantes da repressão das forças de segurança da Tanzânia contra manifestantes da oposição, que classificam as eleições desta semana de farsa, revelou em comunicado.

"Relatos confiáveis de um grande número de mortes e feridos graves são motivo de extrema preocupação. A UE insta as autoridades a agirem com a máxima cautela para preservar vidas humanas", disse a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, em comunicado.

A Amnistia Internacional estima que a repressão aos manifestantes tenha provocado pelo menos 100 mortos desde as eleições de 29 de outubro, eleições nas quais, segundo a comissão eleitoral nacional, a presidente Samia Suhulu Hassan obteve uma vitória incontestável, com 98% dos votos sem oposição significativa à sua candidatura.

Kaja Kallas também declarou a "falta de igualdade de condições no período que antecedeu as eleições", marcada por "relatos de sequestros, desaparecimentos e violência que restringiram o espaço cívico e democrático".

A UE exige a libertação dos políticos detidos e um julgamento transparente e imparcial para os presos, com uma base jurídica sólida, bem como investigações rápidas e completas sobre todos os incidentes relatados de sequestros, desaparecimentos e violência, afirmou.

Após recordar "a longa relação" da UE com a Tanzânia no âmbito do Acordo UE-OCDE sobre Samoa, a chefe da diplomacia incentivou o governo tanzaniano a prosseguir esforços para estabelecer um sistema multipartidário pleno.

Kaja Kallas apelou ainda a um diálogo aberto e inclusivo com todas as partes interessadas, em particular os partidos da oposição e a sociedade civil, em busca da reconciliação.

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