A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou esta sexta-feira que o hospital al-Shifa - o maior complexo de saúde de Gaza - está completamente destruído e que uma missão descobriu que foram enterrados corpos em áreas abertas dentro instalações..O cirurgião-chefe da OMS Thanos Gargavanis afirmou, em videoconferência a partir de Gaza e para jornalistas presentes em Genebra, Suíça, ter liderado, há alguns dias, uma equipa que visitou al-Shifa, no norte do enclave, e observou diretamente a destruição total de infraestruturas e equipamentos.."Está tudo destruído e queimado, as redes de oxigénio, os aparelhos de tomografia computadorizada, os laboratórios e os equipamentos cirúrgicos, como ventiladores e aparelhos para anestesia", contou.."Não sobraram paredes e, no edifício da cirurgia especializada, há uma grande cratera desde a cave até ao segundo andar", explicou..Segundo o médico da OMS, o hospital tem também "espaços abertos onde foram cavadas sepulturas, algumas com nomes, outras sem" e "há corpos abandonados, alguns cobertos com plástico, outros não"..O cirurgião indicou que a OMS pretende organizar enterros dignos para as pessoas que morreram naquele hospital, colocando os seus restos mortais em sacos individuais e tentando identificá-los posteriormente através de testes de ADN, como forma de proporcionar conforto às famílias..Após a destruição do al-Shifa, resta apenas, de acordo com Gargavanis, um equipamento de produção de oxigénio em todo o norte de Gaza, localizado num pequeno hospital.."Tivemos de voltar a trabalhar como se fazia há 60 anos, sem equipamento", disse..Gargavanis também lamentou que Israel não permita a retirada regular dos feridos e doentes, dando autorizações de saída apenas muito raramente, apesar de haver 9.000 pessoas na lista de espera e de vários países árabes, principalmente o Egito, estarem dispostos a recebê-los..Israel deve deixar de tratar equipamentos médicos, medicamentos e outras provisões de saúde como se fossem itens de dupla utilização, ou seja, como se pudessem ser usados para fins de guerra, defendeu o responsável da organização, sublinhando que essa postura dificulta seriamente a entrada desse tipo material em Gaza..O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado por um ataque realizado em outubro do ano passado pelo movimento islamita palestiniano..Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, a maioria das quais civis, e sequestradas cerca de 240 pessoas, das quais uma grande parte continua na Faixa de Gaza..Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, tem bombardeado a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas, também maioritariamente civis..A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007..A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, de alimentos, medicamentos e eletricidade.