Atraso nas entregas da vacina da AstraZeneca "é bastante problemático" para a UE

Quem o diz é diretora-geral da Saúde da Comissão Europeia, Sandra Gallina. A responsável afirma que a AstraZeneca conseguiu garantir apenas 25% das mais de 100 milhões de doses prometidas e que este era "um problema real" para os 27 países da UE.
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A Comissão Europeia afirmou, na segunda-feira, que uma redução nas entregas das vacinas por parte da farmacêutica AstraZeneca a forçou a reajustar a sua estratégia de vacinação contra o novo coronavírus.

A diretora-geral da Saúde da Comissão Europeia, Sandra Gallina, disse aos eurodeputados que a farmacêutica conseguiu garantir apenas 25% das mais de 100 milhões de doses prometidas e que este era "um problema real" para os 27 países da União Europeia (UE).

"A AstraZeneca ia ser a vacina para ser administrada em massa no primeiro trimestre", comunicou a responsável. "O facto de a AstraZeneca não estar presente nas quantidades estipuladas no contrato é bastante problemático para todos os estados-membros", assumiu Gallina.

Acrescentou que a Comissão Europeia está agora olhar para as vacinas feitas pela BioNTech/Pfizer e Johnson & Johnson para preencher a lacuna deixada pela AstraZeneca. "Haverá muito mais quantidades no segundo trimestre porque haverá um novo contrato que entrará em ação. Não teremos apenas BioNTech e Moderna, mas teremos BioNTech com um novo contrato, portanto, é o dobro das quantidades".

Estas declarações surgem numa altura de tensão entre a AstraZeneca e Bruxelas, uma vez que a farmacêutica anunciou a 22 de janeiro que não iria cumprir as entregas programadas.

O CEO da empresa afirmou que a AstraZeneca apenas prometeu os "melhores esforços" para cumprir seu contrato.

"Os cronogramas são totalmente vinculativos no que diz respeito ao formulário de pedido de vacina entre o estado membro e a empresa. Portanto, não vejo muitos dos seus melhores esforços lá", disse Gallina.

A responsável europeia deu a entender as suspeitas da UE de que a AstraZeneca canalizou parte de sua produção destinada à União Europeia ao Reino Unido, com o qual tinha um contrato de fornecimento separado, enfatizando que "auditorias" estavam em andamento.

​​​​​​Gallina observou que, de acordo com os contratos da UE com fabricantes de vacinas, "temos a capacidade de receber os materiais de volta ou receber ... as quantias que pagamos".
A Comissão Europeia alocou 336 milhões de euros para a AstraZeneca, embora nem tudo tenha sido pago, sendo que parte do pagamento está dependente da entrega.

Referiu que a nova tecnologia de mRNA usada na vacina BioNTech / Pfizer e uma similar da Moderna mostraram níveis de eficácia "impressionantes" de mais de 90% na imunização contra a covid-19.

A AstraZeneca, que usa a técnica de adenovírus, tem 60% de eficácia, de acordo com dados clínicos analisados ​​pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês).

Gallina disse que a produção das doses da BioNTech /Pfizer poderia ser aumentada com recurso ao uso de instalações de outras empresas farmacêuticas, por exemplo, as oferecidas pela francesa Sanofi, cuja própria disponibilidade de vacina encontrou obstáculos.
"A produção é realmente o momento em que temos um problema de restrição para as vacinas", disse Gallina.

Mas enfatizou que "o problema não será ter as vacinas, o problema será a vacinação ... Precisamos de ver rapidamente como podemos acelerar a vacinação quando as vacinas estiverem prontas".

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