Novos advogados de Trump: um defendeu mafiosos, o outro não acusou Bill Cosby
David Schoen e Bruce Castor foram contratados pelo ex-presidente um dia após a saída de 5 pessoas da sua equipa de defesa.
O julgamento do segundo impeachment de Donald Trump está marcado para dia 8. Mas é já hoje que o ex-presidente dos EUA tem de apresentar a sua resposta às acusações de que é alvo: incitar os seus apoiantes a invadirem o Capitólio, um ataque que resultou em cinco mortes. Ora, essa defesa já não será assegurada pela equipa de advogados original, depois de cinco deles terem apresentado a demissão por não aceitarem a pressão de Trump para usar o argumento de que agiu porque a sua derrota face a Joe Biden nas presidenciais de novembro resultou de fraude eleitoral. Perante a debandada na sua equipa de defesa, Trump não perdeu tempo e já escolheu dois novos advogados: David Schoen e Bruce Castor.
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"É uma honra representar o 45.º presidente dos EUA e a Constituição", reagiu Schoen em comunicado. Especializado na defesa dos direitos civis, o advogado já representou democratas antes, tendo feito parte da equipa de Al Gore que pôs em causa os resultados na Florida nas presidenciais de 2000 que acabaram por ditar a vitória do republicano George W. Bush.
Mas nos últimos anos notabilizou-se pela defesa de Roger Stone, o amigo e ex-conselheiro de Trump, condenado a 40 meses de prisão por mentir ao Congresso, obstruindo e manipulando testemunhas no contexto da investigação sobre a interferência russa durante a campanha presidencial norte-americana de 2016. E cuja pena o ex-presidente comutou dias antes de sair da Casa Branca.
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Mais, em setembro, Schoen admitia ao Atlanta Jewish Times: "Representei toda a espécie de mafioso reputado: o alegado chefe da máfia russa neste país, a máfia israelita e dois chefe da máfia italiana, bem como o tipo que o governo diz ter sido o maior mafioso do mundo."
Mas os americanos talvez se lembrem melhor dele por ter surgido num documentário da National Geographic sobre Jeffrey Epstein, um milionário com ligações a personalidades que vão desde o príncipe André de Inglaterra ao próprio Trump e condenado por abuso sexual e tráfico de menores. Epstein, que enfrentava uma pena de prisão de 45 anos, foi encontrado morto na sua cela numa prisão de Nova Iorque em agosto de 2019. A autópsia concluiu ter-se tratado de suicídio, mas no documentário em causa, quando questionado sobre as circunstâncias da morte de Epstein, Schoen responde: "Ainda acho que ele foi assassinado."
Já Bruce Castor, antigo procurador-geral da Pensilvânia, ficou conhecido pela sua decisão de não processar Bill Cosby em 2005, depois de Andrea Constand ter acusado o ator de assédio sexual. Em 2017, processou mesmo Constand por difamação, acusando-a de ter destruído a sua carreira política. Cosby acabou por ser acusado e condenado a uma pena de três a dez anos de prisão no ano seguinte por drogar e agredir sexualmente uma mulher na sua casa em 2004.
Trump tem tido dificuldades em encontrar advogados que aceitem defendê-lo, com os seus conselheiros a insistir para que desista das acusações de fraude eleitoral.
Para conseguir destituir Trump, os democratas precisam que 17 republicanos votem ao seu lado - garantindo os dois terços necessários. Um cenário que parece difícil, sobretudo se pensarmos que 45 dos 50 senadores republicanos votaram a favor de considerar inconstitucional a destituição de um presidente que já saiu do cargo. Mais do que destituir Trump, o que os democratas querem é a possibilidade de, caso o impeachment avançasse e numa votação posterior em que bastaria maioria simples, impedirem o milionário de se voltar a candidatar a um cargo público.
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