Internacional
05 dezembro 2021 às 19h35

Novo rosto da extrema-direita, Zemmour inicia campanha, lança partido e quer fim da imigração

O candidato da extrema-direita às presidenciais francesas Éric Zemmour lançou a sua campanha e um novo partido, perante 15 mil pessoas, durante um encontro onde defendeu o fim da imigração e que ficou marcado por protestos anti-racistas.

DN/Lusa

"Cerca de 15 mil franceses enfrentaram o politicamente correto, as ameaças da extrema-esquerda e a raiva dos media. [...] A matilha está a perseguir-me. Os meus adversários querem a minha morte política, os jornalistas querem a minha morte social e os 'jihadistas' querem só que eu morra", disse hoje Éric Zemmour, num discurso que durou quase duas horas, num encontro que decorreu nos arredores de Paris.

O ex-jornalista aproveitou a tribuna do Parque de Exposições de Villepinte, a cerca de 15 quilómetros da capital francesa, para apresentar oficialmente a sua candidatura e o seu partido, que vai servir para organizar a sua campanha às eleições presidenciais de 2022.

O novo partido chama-se Reconquista, 'Reconquête' em francês, e o ex-jornalista diz-se pronto não só a chegar ao Eliseu, mas também a todas as regiões, departamentos e autarquias de França.

"A reconquista está lançada [...] Partimos à conquista do poder. Amanhã o Eliseu, depois de amanhã a Assembleia Nacional, depois as regiões, os departamentos, as autarquias. [...] Um a um vamos expulsar a esquerda, todos os socialistas que se tornaram 'macronistas', todos os 'macronistas' que se tornaram ecologistas e todos os ecologistas que se tornaram islamo-esquerdistas", afirmou.

Devido à natureza polémica das suas declarações contra a imigração e contra os muçulmanos, este encontro suscitou muitas críticas, com as autoridades locais do distrito de Villepinte a rejeitarem esta reunião, e com uma manifestação anti-racismo a decorrer em Paris, ao mesmo tempo.

Estes protestos chegaram mesmo à sala do encontro, já que enquanto o candidato discursava, vários jovens do movimento SOS Racismo revelaram 't-shirs' com a frase "Não ao racismo", suscitando violência e grande comoção na sala, com várias pessoas a serem retiradas à força do recinto.

Zemmour negou as acusações de racista ou misógino, lembrando que ele próprio vem de uma família de judeus da Argélia e que o seu maior desejo é "proteger as mulheres francesas". "Eu, racista? Eu sou o único a não confundir a defesa dos nossos com o ódio dos outros", declarou.

Na luta contra a imigração, principal bandeira da sua candidatura, Zemmour prometeu tornar "mais difícil" a naturalização, assim como "expulsar os desempregados estrangeiros que não consigam trabalho num período de seis meses".

Quanto ao resto do seu programa eleitoral, o líder do Reconquista anunciou que quer diminuir os custos com os trabalhadores para as empresas, de forma a dar um 13.º mês a quem recebe o salário mínimo, diminuir os custos de produção em França, abrir os concursos públicos apenas a empresas francesas, acabar com os impostos sobre as heranças e sair do comando militar da NATO.

Éric Zemmour deixou ainda avisos aos seus oponentes diretos, dizendo que o Presidente Emmanuel Macron "não é nada nem ninguém", que a candidata de direita, Valérie Pécresse, é como Jacques Chirac e que vai prometer muitas coisas sem cumprir.

Ao seu lado, o ex-jornalista teve figuras da direita conservadora francesa que se notabilizaram em 2013, na batalha da direita contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como o antigo deputado Jean-Frédéric Poisson, Christine Boutin, presidente do partido cristão VIA, e Laurence Trochu, presidente do movimento conservador.