Andy Kim senador de New JerseyDepois da demissão do anterior senador, o também democrata Robert Menendez, devido a um escândalo de corrupção e de uma campanha em que a primeira dama de New Jersey, Tammy Murphy, acabou por desistir, Andy Kim venceu a 5 de novembro ao derrotar o republicano Curtis Bashaw e tomou posse logo no dia 8 de dezembro. Primeiro senador de origem coreana, aos 42 anos, este filho de imigrantes será também a terceira pessoa mais jovem a servir nesta sessão da câmara alta do Congresso.Nos 17 dias até à posse de Donald Trump como presidente, o Congresso dos EUA tem muito trabalho pela frente. A começar pela eleição do speaker, o presidente da Câmara dos Representantes, que é a terceira figura do Estado na América, depois do presidente e do vice-presidente, e passando pelo pro- cesso de confirmação dos membros da nova Administração. E nada parece garantir que, apesar da maioria republicana na câmara baixa - muito curta 220-215 -, Mike Johnson tenha a reeleição assegurada ou mesmo que todos os nomeados por Trump consigam luz verde do Senado. Tudo devido às profundas divisões entre a ala mais moderada e a ala mais radical do partido, bem visíveis quando um grupo de eleitos republicanos se aliaram aos democratas para chumbar o acordo que Johnson negociara para evitar um shutdown antes do Natal que ameaçava deixar o governo americano sem financiamento. Divisões essas que prometem continuar a existir depois da posse, hoje, do 119.º Congresso e que podem ameaçar as ambições de Trump de avançar com a sua agenda a todo o gás antes das Intercalares de 2026.Se a eleição do speaker é o primeiro ponto na agenda dos eleitos que agora se vão sentar no Capitólio, em Washington DC - e a experiência já mostrou que pode ser um processo demorado ou não tivessem sido necessárias 15 rondas para eleger Kevin McCarthy há dois anos -, 6 de janeiro é o dia em que o Congresso deve contar os votos do Colégio Eleitoral que confirmam a eleição de Trump como 47.º presidente dos EUA. Há quatro anos, a data ficou marcada pela invasão do Capitólio por parte dos apoiantes do republicano que protestavam contra o resultado das eleições que tinham dado a vitória ao democrata Joe Biden. Desta vez não se esperam incidentes de maior, com a vitória do republicano em novembro a não deixar margens para dúvidas.Mas o grande desafio deste Congresso vai começar no dia 20. A equipa de Trump já anunciou “uma enxurrada de ordens executivas” - diretivas do presidente dos EUA - que vão sair da Sala Oval logo na sua primeira semana. As prioridades são claras: dar início ao programa de deportações em massa dos 11 milhões de imigrantes ilegais; perdoar os condenados pelo assalto ao Capitólio em 2021; pôr fim à guerra na Ucrânia; e acabar com a inflação e impor tarifas aos bens importados, sobretudo os vindos da China, mas também do México e do Canadá.A última coisa que a nova Administração precisa é de lutas internas nas suas fileiras, seja para a eleição do speaker (Trump já manifestou o seu apoio a Mike Johnson) ou em torno de quaisquer outras questões que o presidente - que não se pode recandidatar, uma vez que este é o seu segundo mandato - considere prioritárias. .A margem de manobra dos republicanos é mínima, apenas quatro votos de vantagem depois da demissão de Matt Gaetz, nomeado por Trump para procurador-geral mas que renunciou ao cargo na Administração e também na Câmara dos Representantes devido a acusações de que é alvo por consumo de drogas ilegais e por ter pagado por sexo com uma menor. E pode ficar ainda mais curta com a saída de outros congressistas, como Elise Stefanik, nomeada por Trump como embaixadora na ONU, ou Michael Waltz, escolhido para conselheiro para a Segurança Nacional, ficando os seus lugares à espera de novas eleições, que podem demorar meses, e reduzindo a maioria para 217-215.No Senado, o partido do presidente tem uma margem um pouco maior - mais seis lugares do que os democratas -, mas mesmo assim sem chegar aos 60 votos necessários para passar a maior parte da legislação.No post em que manifestou apoio a Mike Johnson, o próprio Trump deixou um apelo aos republicanos: “NÃO DESPERDICEMOS ESTA GRANDE OPORTUNIDADE QUE NOS FOI DADA”, escreveu na sua rede Truth Social, assim mesmo, tudo em maiúsculas. E acrescentou: “O povo americano precisa de um alívio IMEDIATO das políticas destrutivas da última Administração.”Já eleito líder da maioria no Senado, John Thune, do Dakota do Sul, fez saber que os republicanos pretendem recorrer à “reconciliação”, um processo usado para contornar a necessidade de uma supermaioria no Senado para aprovar legislação relacionada com o Orçamento Federal, sempre que necessário para fazer cumprir os “objetivos de campanha do presidente”. Este procedimento permite aprovar legislação por maioria simples, com o voto do vice-presidente, neste caso J.D. Vance, a servir de desempate.Este controlo do partido do presidente sobre ambas as câmaras do Congresso não é novidade. Já aconteceu no primeiro mandato de Trump, tal como com os democratas de Barack Obama em 2008 e Bill Clinton em 1993. Mas em todos este casos pelo menos uma das câmaras trocou de maioria nas eleições de meio do mandato..Menos mulheres e algumas estreias.O Congresso dos EUA é constituído por duas câmaras - o Senado, em que os Estados têm todos dois representantes, num total de 100, e a Câmara dos Representantes, em que a representação reflete a população de cada Estado, num total de 435 congressistas com a Califórnia a ter 52 e o Delaware ou o Havai a terem apenas um.A Constituição dos EUA estipula que para ser eleito para a Câmara tem de se ter mais de 25 anos, viver no Estado que representa e ser cidadão americano há pelo menos sete anos; para o Senado é preciso ter pelo menos 30 anos e ser cidadão há nove, além de se viver no Estado pelo qual se é eleito.O Congresso foi criado pela Constituição Americana e reuniu pela primeira vez em 1789 em Nova Iorque - a primeira capital dos EUA, seguindo-se Filadélfia, antes da construção de Washington DC especificamente para esse fim.Desde 1800 que o edifício do Capitólio em Washington passou a ser a casa do Congresso americano. Criado pelo arquiteto Pierre l’Enfant, o homem que idealizou a nova capital americana à qual foi dado o nome do primeiro presidente dos EUA, o Capitólio foi parcialmente destruído pelo fogo em 1814, ateado pelas tropas britânicas durante a Batalha de Washington.Ainda hoje a Câmara dos Representantes reúne na ala sul do Capitólio e o Senado na ala norte. O edifício está ligado através de túneis e de um sistema de carruagens aos edifícios adjacentes, onde ficam os gabinetes dos senadores e congressistas para facilitar a sua chegada rápida se houver uma sessão de emergência.No seu centro, por baixo da cúpula cuja construção só ficou terminada em 1866, situa-se a rotunda do Capitólio que em 2024 celebrou o seu bicentenário.Hoje a “turma” de 2025 vai subir a escadaria Leste para prestar juramento como congressistas e senadores. E se o número de mulheres neste Congresso é, pela primeira vez, menor do que no anterior - sobretudo devido a um decréscimo na Câmara -, há algumas estreias a registar, como a eleição da primeira senadora trans, do primeiro senador de origem coreana ou da primeira congressista de origem iraniana. .AS ESTREIAS.Sarah McBride senadora do DelawareJá fizera história no Delaware quando se tornou a primeira pessoa trans a servir no Senado estadual e, agora, Sarah McBride volta a ser pioneira ao ser eleita em novembro para o Senado Federal pelo seu Estado natal. Aos 34 anos, a ativista social foi eleita num momento em que muitos estados estão a restringir os direitos das pessoas trans e já foi alvo de ataque de alguns republicanos, que propuseram banir os transsexuais das casas de banho do Capitólio correspondentes ao sexo com que se identificam. Uma polémica da qual McBride se demarcou, afirmando: “Não estou aqui para discutir casas de banho.” Ainda no liceu, trabalhou na campanha de Beau Biden, o entretanto falecido filho do presidente Joe Biden, para procurador-geral do Estado. A democrata quer agora levar a sua agenda para o Senado. .Andy Kim senador de New JerseyDepois da demissão do anterior senador, o também democrata Robert Menendez, devido a um escândalo de corrupção e de uma campanha em que a primeira dama de New Jersey, Tammy Murphy, acabou por desistir, Andy Kim venceu a 5 de novembro ao derrotar o republicano Curtis Bashaw e tomou posse logo no dia 8 de dezembro. Primeiro senador de origem coreana, aos 42 anos, este filho de imigrantes será também a terceira pessoa mais jovem a servir nesta sessão da câmara alta do Congresso..Angela Alsobrooks e Lisa Blunt Rochester senadoras do Maryland e do DelawareEm toda a História dos EUA, apenas cinco mulheres negras foram eleitas para o Senado Federal. E Lisa Blunt Rochester, do Delaware, e Angela Alsobrooks, do Maryland, vão ser as primeiras duas a servir na câmara alta do Congresso em simultâneo. Primeira mulher e primeira afro-americana a representar o Delaware no Senado, tendo derrotado o republicano Eric Hansen a 5 de novembro, aos 62 anos, recordou os antepassados escravos na campanha. Apenas a segunda mulher a servir o Maryland no Senado, Alsobrooks, de 53 anos, reagiu à sua vitória frente ao antigo governador republicano Larry Hogan, dizendo estar ali “não para fazer história, mas para fazer a diferença”. .Julie Fedorchak congressista do Dakota do NorteO Dakota do Norte era um dos dois estados americanos que nunca tinham enviado uma mulher para a Câmara dos Representantes, mas vai deixar de o ser hoje com a chegada de Julie Fedorchak à câmara baixa do Congresso. Aos 56 anos e formada em Jornalismo, a republicana focou a campanha no reforço da fronteira, na redução da inflação e na defesa da Segunda Emenda da Constituição, que garante o direito à posse de armas. A sua eleição deixou o Mississípi como o único Estado que nunca elegeu uma mulher para a Câmara dos Representantes. .Yassamin Ansari congressista do ArizonaA ativista climática venceu o republicano Jeff Zink em novembro, tornando-se a primeira irano-americana eleita para a Câmara dos Representantes. Aos 32 anos, a congressista do Arizona é também uma das mais jovens a servir na câmara baixa do Congresso. Filha de imigrantes iranianos, a democrata fez uma campanha de proximidade com os eleitores, com recurso a redes sociais como o Instagram ou o TikTok.