Navalny condenado a três anos e meio de prisão

Líder da oposição na Rússia diz que Vladimir Putin "passará à história como envenenador"

O líder da oposição na Rússia, Alexei Navalny, foi esta terça-feira condenado a três anos e meio de prisão por um tribuna de Moscovo, por violar os termos de uma sentença por fraude de 2014 e a liberdade condicional imposta na altura.

Ainda assim, o juiz subtraiu quase um ano dessa sentença devido ao tempo que passou em prisão domiciliária que cumpriu na altura. Ou seja, Navalny cumprirá apenas dois anos e oito meses de prisão.

Esta decisão promete inflamar a já relação tensa entre o Kremlin e os apoiantes do ativista anticorrupção, o que levou as autoridades a levar um grande número de polícias de choque para os centros de Moscovo e São Petersburgo, na antecipação em novas manifestações a Navalny.

Também esta terça-feira, oNavalny qualificou a sua comparência perante a justiça como uma tentativa de "amedrontar milhões" e disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, "passará à história como envenenador".

"O mais importante neste processo é amedrontar uma quantidade enorme de pessoas. Prenderam-me para fazer medo a milhões de outros", proclamou o opositor, que poderá ser condenado entre dois anos e meio e três anos e meio de prisão por ter violado, segundo as autoridades, os termos do seu controlo judiciário.

"Isto não é uma demonstração de força, mas sim de debilidade. Não se podem prender centenas de milhares, ou milhões de pessoas, é impossível", afirmou.

"Quando se aperceberem, e esse momento chegará, não podereis prender todo o país", insistiu.

O opositor voltou a acusar o Presidente russo de ter ordenado o seu envenenamento com um agente neurotóxico do tipo Novitchok em agosto de 2020.

Vladimir Putin "passará à história como o envenenador de slipes", invetivou, numa alusão à forma como terá sido envenenado.

"Demonstrámos e provámos que Putin, via o FSB [os serviços de informações], cometeu uma tentativa de assassinato e que não sou a única [vítima]. Muitos também o sabem, outros vão sabê-lo, e isso enlouquece este pequeno ser no seu bunker", disse.

Segundo Navalny, o veneno que pretendia eliminá-lo foi colocado na sua roupa, quando se encontrava num hotel durante uma viagem à cidade siberiana de Tomsk.

Navalny assegurou ter ficado demonstrado que "Putin cometeu essa tentativa de assassinato". "Sabem, hoje um tal Alexandre (II), o Libertador, e um tal Yaroslav, o Sábio, e nós temos Vladimir, o Envenenador".

O opositor sublinhou que "todos se convenceram que ele [Putin] era um simples funcionário, que foi posto no cargo por casualidade. Nunca participou num debate. O seu único meio de luta é o assassinato".

Navalny, que foi detido em 17 de janeiro no seu regresso da Alemanha, onde se encontrava em convalescença, exigiu ainda a sua libertação imediata e de todos os detidos.

"A minha vida vale três cêntimos. Mas vou fazer todo o possível para que a lei prevaleça e saúdo todas as pessoas honestas que não têm medo de sair às ruas em todo o país", assinalou.

Mais de 230 pessoas foram detidas esta terça-feira nas imediações do Tribunal da capital russa, onde foram estabelecidas estritas medidas de segurança.

O Kremlin rejeitou todas as críticas ocidentais à detenção de Navalny e o desproporcionado uso da força pela contra polícia contra os protestos de 23 e 31 de janeiro em apoio ao opositor, onde foram detidas ou identificadas cerca de 10.000 pessoas.

O projeto de sessão informal e à porta fechada do Conselho de Segurança da ONU sobre o caso do opositor russo Alexei Navalny não vai concretizar-se na quarta-feira como inicialmente previsto, anunciaram esta terça-feira fontes diplomáticas.

A ideia apresentada pela Estónia, membro não permanente do Conselho de Segurança, "não foi totalmente abandonada mas não haverá nada esta semana", disse um diplomata à agência noticiosa AFP.

A sessão "não será amanhã [quarta-feira] nem esta semana", conformaram duas outras fontes, que também se exprimiram sob anonimato.

Esta reunião deveria originar novas tensões com a Rússia e diversos membros do Conselho de Segurança estavam renitentes, incluindo entre os aliados europeus da Estónia, segundo as fontes diplomáticas.

Oficialmente, este país e ex-república soviética, pretendia centrar a reunião sobre o suposto envenenamento do opositor russo com um agente neurotóxico em 2020, mas era provável que outros países também aproveitassem a ocasião para abordar este tema.

O envenenamento do opositor já foi discutido no Conselho de Segurança no decurso de reuniões mais gerais sobre a proibição do recurso a armas químicas.

Moscovo considera o caso do opositor russo um "assunto interno da Rússia" e rejeitou firmemente qualquer ingerência externa neste tema.

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