"Não há mais desculpas". Borrell diz que Israel deve aceitar cessar fogo no Líbano
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse esta terça-feira que Israel não tem "nenhuma desculpa" para recusar o cessar-fogo no Líbano negociado pelos Estados Unidos e pela França.
"Esperemos que hoje o governo de Benjamin Netanyahu aprove o acordo de cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos e pela França”, afirmou Borrell.
O responsável pela diplomacia do bloco europeu que falava à margem de uma reunião do G7, perto de Roma, sublinhou que o Executivo de Israel deve aceitar a proposta.
"Não há mais desculpas, não há mais exigências", insistiu Borrell.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, confirmou na segunda-feira, perante o Conselho de Segurança, que existem negociações avançadas para um cessar-fogo no Líbano, mas questionou a atitude do movimento xiita libanês Hezbollah (Partido de Deus) para levar os contactos "a bom termo".
Esta terça-feira, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, advertiu que Israel irá reagir com força a qualquer violação de um cessar-fogo no Líbano que venha a ser acordado.
"Se não agirem, nós agiremos, e com força", disse Katz, citado num comunicado do ministério, durante uma reunião em Telavive com a coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert.
A declaração de Katz antecipa uma reunião do gabinete de segurança israelita sobre o acordo de cessar-fogo entre Israel e a milícia libanesa Hezbollah, que os Estados Unidos anunciaram estar próximo.
A reunião vai realizar-se esta terça à tarde, segundo anunciou a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros israelita, Sharren Haskel, que recusou entrar em detalhes "dada a natureza sensível da questão".
"Deve haver (...) uma discussão, uma decisão. Também poderá haver uma votação", disse Haskel, sugerindo que os membros do gabinete ainda não estavam todos cientes do conteúdo do acordo.
"Os membros do gabinete conhecem alguns detalhes e precisam de entrar em mais detalhes esta tarde", acrescentou.
De acordo com o 'site' de notícias norte-americano Axios, o acordo de cessar-fogo baseia-se numa proposta dos Estados Unidos que prevê uma trégua de 60 dias.
Durante esse período, o Hezbollah e o exército israelita retirar-se-ão do sul do Líbano para deixar o exército libanês destacado na região.
A proposta inclui a criação de um comité internacional para monitorizar a aplicação do acordo, acrescentou o portal de notícias.
Segundo a mesma fonte, os Estados Unidos teriam dado garantias de apoio à ação militar israelita no caso de atos hostis por parte do Hezbollah.
O conflito foi desencadeado por um ataque do grupo palestiniano Hamas em Israel em outubro de 2023, que levou a uma ofensiva israelita na Faixa de Gaza e, mais recentemente, no sul do Líbano para tentar neutralizar o Hezbollah.